ÁFRICA/QUÊNIA - “Os Shabaab atingem os cristãos também para fazer esquecer os massacres de muçulmanos cometidos por eles”, afirma Dom Alessandro

Quarta, 8 Abril 2015

Nairóbi (Agência Fides) - “Os Shabaab distanciaram grande parte da população somali, que é toda de religião islâmica, com os massacres cometidos contra outros muçulmanos. Por isso, agora os Shabaab no Quênia quando atacam um local lotado, diferenciam os muçulmanos dos cristãos, poupando os primeiros e matando os segundos”: é o que explica à Agência Fides Dom Joseph Alessandro, Bispo coadjutor de Garissa, onde na Quinta-feira Santa, 2 de abril, 148 pessoas foram mortas no campus universitário local, num ataque dos Shabaab somali, que escolheram suas vítimas com base em sua pertença religiosa.
“Este é um dos motivos pelos quais os cristãos viraram alvo no Quênia, mas há também outros fatores, mesmo que o resultado final seja que as vítimas são sempre cristãs”, acrescenta Dom Alessandro, recordando que na véspera do último Natal, foram assassinados, com modalidades semelhantes, trabalhadores cristãos em Mandera (veja Fides 2/12/2014) e que também no massacre do centro comercial Westegate em Nairóbi (veja 27/9/2013), os Shabaab tinham como alvo os cristãos.
“A reivindicação dos Shabaab afirma que esses ataques terroristas são represálias pela presença do exército queniano na Somália, cujas tropas tiveram um papel importante em expulsar os Shabaab de áreas importantes da costa, interrompendo os tráficos lucrativos com os quais o movimento integralista se financiava”, destaca o Bispo. “Com essas ações, os Shabaab esperam obrigar o Quênia a retirar as próprias tropas da Somália, permitindo a eles retomar o controle das cidades costeiras, entre as quais Mogadíscio, de modo a recomeçar a taxar a população e retomar seus tráficos”.
Atacando a universidade, os Shabaab quiseram atacar a esperança de desenvolvimento de uma área por muito tempo ignorada pelo governo central. “Isso é verdadeiro, assim como é verdadeiro que estudantes e professores são alvos fáceis”, responde Dom Alessandro. “Deve-se levar em consideração que a maior parte dos professores vem de outras partes do Quênia e que aqui não se sentem em casa. Isso porque a região de Garissa historicamente fazia parte da Somália. Os ingleses traçaram uma linha reta para demarcar a fronteira entre Somália e Quênia, separando uma tribo somali. Na realidade, a fronteira é muito porosa e as pessoas passam de uma parte a outra com muita facilidade”, conclui o Bispo coadjutor de Garissa. (L.M.) (Agência Fides 8/4/2015)


Compartilhar: