ÁSIA/BANGLADESH - Os missionários: "A política está por trás da violência religiosa"

Segunda, 1 Outubro 2012

Chittagong (Fides) - A violência religiosa que assola o Bangladesh "é enganosa e esconde motivos de interesse político": é o que explica Pe. Ezio Mascaretti, do Pontifício Instituto para as Missões Exteriores (PIME), responsável de uma missão em Chittagong, província onde eclodiu a violência. O missionário lembra que nas semanas anteriores grupos muçulmanos de Bangladesh manifestaram por causa do filme blasfemo sobre Maomé, "agora a violência generalizada atingiu os templos budistas e hinduístas por supostas imagens blasfemas colocadas no Facebook".
"Por enquanto, as igrejas e os cristãos foram poupados - continua Pe. Ezio - mas estamos numa situação muito precária. O governo colocou alguns policiais para proteger a igreja, mas é uma vigilância apenas aparente. A qualquer momento pode ser instigada pelas madrassas circunstantes, uma multidão de 5.000 militantes muçulmanos que, como nada, podem demolir toda a missão. Estamos aqui, em silêncio, e rezamos para que não nos tomem de mira".
Por trás da violência, declara à Fides missionário, "há grupos extremistas islâmicos muito ativos em Bangladesh. Eles aproveitaram a oportunidade e na esteira das manifestações no Paquistão, estão financiando manifestações violentas para ganhar espaço. Os partidos religiosos islâmicos têm um interesse político em fomentar a violência para colocar na parede o governo da Liga Awami, considerada pró-ocidental e, assim, conquistar o poder no estado".
Pe. Adolfo L'Imperio, PIME, outro missionário de longa data no país, confirma à Fides: "Trata-se de uma violência completamente desproporcional em que confluem vários elementos: o filme sobre Maomé, mas também a delicada situação da população muçulmana de etnia Rohingya expulsa de Mianmar, onde houve violência entre muçulmanos e budistas. " Segundo o missionário, pesa outro fator: "O conflito em curso entre os colonos muçulmanos e tribais, em sua maioria budistas, no norte montanhoso de Chittagong (Chittagong Hill Tracts), onde atualmente está o exército e onde aos missionários estrangeiros não é permitido ir". (PA) (Agência Fides 1/10/2012)


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