ÁSIA/SÍRIA - Aleppo morre de sede, as paróquias continuam a ser “faróis de esperança”

Sábado, 18 Julho 2015

Aleppo (Agência Fides) – Na cidade-mártir de Aleppo, destruída por mais de quatro anos de guerra civil, homens, mulheres e crianças perambulam todo o dia pela ruas com recipientes de plástico e garrafas em busca de um pouco de água para beber. Este é o cenário angustiante descrito à Agência Fides pelo sírio-católico damasceno Samaan Daoud, ex-guia turístico, há tempos envolvido nos programas sociais e assistenciais promovidos pelas comunidades cristãs sírias, principalmente a partir do programa lançado pela Sociedade salesiana de São João Bosco.
“A emergência de água – refere Samaan – se tornou insuportável com o calor sufocante desses dias. As igrejas distribuem sem interrupção água potável extraída dos próprios poços, mas a demanda é altíssima e não se consegue satisfazê-la”. Também a sede da população é usada como arma de pressão na guerra civil que desestabiliza o país: “Aleppo é uma cidade rica de recursos hídricos – explica Samaan –, mas os grupos armados que controlam as pompas hídricas fecham as torneiras para pressionar a cidade. Não se sabe quais negociações estão tentando impor ao governo de Damasco, e usam o abastecimento hídrico como instrumento de chantagem. Os que pagam o preço mais alto são os civis, que não têm culpa”. Na linha de frente das operações militares, os eventos mais recentes confirmam que para Aleppo a solução pode ser encontrada somente em nível internacional. “A cidade está muito próxima da fronteira com a Turquia – recorda Samaan – e os rebeldes não têm problemas em receber apoios logísticos, armas e todo tipo de ajuda daquela parte. Em nível local, se podem encontrar somente soluções provisórias com base em equilíbrios precários”.
Enquanto isso, na metrópole sedenta e desfigurada pela guerra – conta para Fides Samaan Daoud – as igrejas cristãs que ainda não foram destruídas pelas bombas continuam mantendo viva a esperança 'contra toda a esperança'. “Na paróquia dos Franciscanos se encontram a cada dia mais de 150 jovens - relata Saaman - e também o oratório dos Salesianos organiza atividades de verão para 500 meninos e meninas. Ali se tenta manter nos garotos a memória de Aleppo, como era antes: uma cidade viva, alegre, com muitas possibilidades de encontro. Se você vai a essas paróquias, ainda encontra uma luz de esperança. São como faróis quando iluminam as noites de tempestade e reacendem a esperança para os navegantes que tinham se perdito num mar escuro e hostil”. (GV) (Agência Fides 18/7/2015).


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