ÁSIA/CHINA – O Bispo Jin Luxian, personalidade chave na história da Igreja na China

Terça, 30 Abril 2013

Xangai (Agência Fides) – No sábado 27 de abril faleceu Dom Aloysius Jin Luxian, S.I., de 96 anos, Bispo coadjutor de Xangai (China). O prelado nasceu em 20 de junho de 1916 no distrito de Nanshi da cidade de Xangai. Em setembro de 1926 começou os estudos primários no Colégio de Santo Inácio; depois, em 1932, foi acolhido no Seminário do Sagrado Coração de Jesus e sucessivamente no Seminário maior do Sagrado Coração de Maria. Atraído pela espiritualidade e pela vida da Companhia de Jesus, em 1938, começou o noviciado e em 8 de setembro de 1940 fez os primeiros votos religiosos. Terminados os estudos de Filosofia e Teologia em Xianxian (Hebei), em 19 de maio de 1945, foi ordenado sacerdote na catedral de Xangai.
De 1947 a 1948 completou sua formação religiosa em Paris, e de 1948 a 1950 frequentou a Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, onde se formou em Teologia. Durante as férias ia para a Alemanha, França e Inglaterra, para aprender várias línguas. Com o advento da República Popular Chinesa, em 1950, voltou para seu país, e depois dos acontecimentos políticos do tempo e a expulsão dos jesuítas estrangeiros, em 1951, foi nomeado reitor temporário do seminário regional de Xuhui (Xangai).
O Rev. Jin Luxian foi preso na noite de 8 de setembro de 1955 e submetido a longos interrogatórios, que se concluíram com um processo em 1960: ele foi condenado a 18 anos de prisão, mais 9 de reeducação. De 1963 a 1967 foi detido na prisão de Qincheng (Pequim), onde, por motivo de seu notável conhecimento de línguas estrangeiras, foi inserido num grupo de detentos tradutores, que trabalhavam em favor do Estado. Em 1967, foi transferido para o Centro reeducacional de Fushun e em 1973 para o de Qincheng, onde permaneceu até 1975. Depois foi enviado para o campo de trabalho em Henan e novamente em prisão desde 1979 a 1982: foi libertado depois de 27 anos de detenção.
Em 1982, lhe foi concedido de reabrir o Seminário de Sheshan. Em 1985, o Rev. Jin Luxian aceitor ser consagrado bispo para a diocese de Xangai, mas sem aprovação pontifícia. Aprovação que obteve quinze anos depois, tornando-se Bispo coadjutor de Xangai, depois de ter manifestado sua fidelidade ao Papa e ter pedido perdão por sua ordenação ilegítima.
O prelado foi uma personalidade chave na história da Igreja Católica na China dos últimos 50 anos. Foi um homem de grande cultura. A sua preparação, os seus estudos na Itália, o falar várias línguas europeias e a sua simpatia humana lhe permitiram manter sempre contatos com várias personalidade e ter a estima e o respeito de muitos.
Sob a guia do Bispo Aloysius Jin Luxian, a Diocese de Xangai teve um grande desenvolvimento. O compromisso pastoral do prelado foi imponente, modernizando sob vários aspectos a Diocese e buscando manifestá-la sob a guia de seus pastores, obtendo a esse fim também a estima das autoridades civis. Teve uma atenção particular pela preparação de novos sacerdotes e religiosas, construindo estruturas de formação adequadas, como o conhecido Seminário Maior, aberto em 1985, em Sheshan (Xangai), e fazendo ao mesmo tempo um precioso serviço não somente para a sua diocese, mas também para a China.
Um dos últimos atos do Bispo Jin foi a Carta Pastoral por ocasião do Ano Novo chinês de Drago (de 23 de janeiro de 2012), intitulada “Xu Guangqi: Um homem para todas as estações”. Nela o prelado convidada os fiéis a seguirem o exemplo de Paolo Xu Guangqi, primeiro católico de fama do império, amigo do Padre Matteo Ricci, promovendo sua causa de beatificação.
A Diocese de Xangai conta cerca de 150.000 católicos, uma centena de sacerdotes, 6 decanatos, 37 paróquias e 140 igrejas; em seu território se encontra o Santuário Mariano de Sheshan, meta de peregrinos nacionais. Dentre as obras sociais mais importantes podem ser lembradas a Cada para idosos, a cada para retiro, o refeitório para os pobres e a tipografia de Qibao.
Em 2012, foi publicado o primeiro volume de suas memórias “Aprendendo e reaprendendo 1916-1982” (“Learning and Re-learning 1916-1982”), em que se trata dos acontecimentos mais significativos de sua vida. Uma vida na qual ele buscou manter vivo o amor a Cristo e sua Igreja, na lealdade para com o país e sua cultura. (Agência Fides 30/4/2013)


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