Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Kinshasa (Agência Fides)- “Depois dos anos dolorosos de guerra, de sofrimentos e de instabilidade política, o nosso país chegou, finalmente, a dotar-se de instituições democráticas. O tempo da esperança está, a partir de agora, diante de nós. Ator e espectador, o nosso povo dá a impressão de acreditar realmente neste processo, não sem, porém, esconder o medo de ser desiludido”, escrevem os Bispos da província de Lubumbashi, em Katanga, no sul da República Democrática do Congo, em uma mensagem intitulada “Que a nossa esperança nunca seja desiludida”, enviada à Agência Fides.
Referindo-se ao recente processo eleitoral, que levou ao nascimento da Terceira República congolesa, os Bispos afirmam que, “por meio das eleições, o nosso povo pôde demonstrar as suas capacidades de superar as paixões políticas e étnicas e, portanto, a sua idoneidade a participar ativamente da construção do Estado de direito”.
“Se nos alegramos com esses sinais de esperança - continua a mensagem -, ao mesmo tempo constatamos com amargura que o entusiasmo suscitado dentro do nosso povo pelas eleições e pela instauração das instituições democráticas se demonstra sempre mais efêmero e frágil. A persistência de práticas da segunda República tão difamadas, o não cumprimento das promessas eleitorais e ações como a inércia ao encontrar soluções aos problemas urgentes, nos fazem considerar que, caso não se intervenha, se corre o risco de cair novamente nas armadilhas do passado, hipotecando o futuro da democracia do nosso país”.
No que concerne à situação de sua região, a mensagem releva diversos problemas que devem ser enfrentados com urgência. Em nível de segurança, diante da presença de grupos armados que ainda persistem em Katanga (“nas nossas cidades e nos nossos vilarejos, os abusos da chamada polícia e, sobretudo, de pessoas armadas não integradas estão na ordem do dia”), os Bispos pedem “às autoridades do país que assumam suas responsabilidades, fornecendo segurança à população em nível nacional”.
Outro ponto fundamental é o desenvolvimento econômico. Katanga é uma importante região mineraria, “que viu nos últimos tempos um fluxo de investimentos estrangeiros”. Na mensagem, se denuncia, porém, o tratamento injusto reservado aos trabalhadores locais: transferências forçadas de mão-de-obra para utilizá-la em mineiras distantes dos locais de residência; salários miseráveis; e desprezo pela dignidade humana dos trabalhadores e pelas leis sobre seus direitos. Na mensagem, denunciam-se também os danos ecológicos devido a uma exploração intensiva dos recursos minerários locais.
Na exortação final, os Bispos confiam “o futuro do nosso país e da nossa província à maternidade da Virgem Santíssima Maria, nossa Senhora da esperança, para que o nosso povo conheça finalmente a paz, a democracia e o desenvolvimento”. (L.M.) (Agência Fides 10/3/2007)
