EUROPA/ALEMANHA - Menos estrangeiros, mais imigrados: como está mudando o fenômeno migratório

Sexta, 15 Julho 2005

Basiléia (Agência Fides) - Qual é a evolução do fenômeno migratório na Alemanha nos últimos anos? Quais intervenções deveriam ser aplicadas por parte dos políticos e das administrações públicas? A essas e a outras perguntas tenta dar uma resposta o Sexto Relatório sobre a situação dos estrangeiros, publicado pelo Governo federal, para a emigração, os refugiados e a integração. Das estatísticas 2004, resulta que na Alemanha, em relação ao passado, vivem menos "estrangeiros", mas mais "imigrantes". Por causa das naturalizações e da redução da imigração nos últimos anos, o número de pessoas com passaporte de outra nacionalidade caiu para 6,7 milhões (8 % da população total). Em relação aos anos 90, existem 600.000 estrangeiros a menos.
Todavia, essas estatísticas não revelam completamente o perfil multicultural da população: 14 milhões de pessoas, de fato, têm origem migratória. Contam-se, entre essas, mais de 6,7 milhões de estrangeiros, 1,8 milhões de naturalizados, 4,5 milhões de Aussiedler (imigrados de origem alemã que chegaram da Europa oriental, especialmente da Rússia) e 1,5 milhões de pessoas nascidas de casais binacionais. Um matrimônio em cada cinco é entre cônjuges de nacionalidade diferente, um recém-nascido em cada quatro tem ao menos um genitor de origem estrangeira. Em algumas regiões urbanas, 40% dos jovens provem de famílias imigradas.
Um outro dado interessante é que a população imigrada provem hoje de uma sempre maior variedade de países, por isso se relaciona com uma maior pluralidade de estilos de vida, culturas e religiões. Este fenômeno tenderá a aumentar no futuro por motivos demográficos e se acompanhará também a uma diversificação das condições sociais e legais das pessoas com origem migratória: técnicos e acadêmicos altamente qualificados, trabalhadores estacionais nos setores de baixa renda, migrantes irregulares, familiares de imigrantes, estudantes estrangeiros, refugiados, deslocados com permissões provisórias, cônjuges estrangeiros de cidadãos alemães, Aussiedler com passaporte alemão, filhos de estrangeiros da segunda e terceira gerações... e assim por diante.
O governo para a emigração revela no seu Relatório que uma tal mudança na estrutura da população é um grande desafio. Por isso, a política de integração não pode mais ser entendida como um conjunto de intervenções a favor dos migrantes ou das minorias, muito menos pode ser reduzida somente à promoção do conhecimento do alemão ou a algumas ajudas para a inserção. Deve-se tratar de uma política social que em cada setor leve em consideração uma população sempre mais variada. Todas as instituições têm a necessidade de uma abertura intercultural: escolas, escritórios, hospitais, casas de repouso, assim como o mercado de trabalho. Em especial, as grandes cidades, que se tornaram nós de uma rede global, devem se dotar de projetos de ação, para que seus bairros se tornem locais de integração social e não de segregação.
O governo destaca no seu Relatório que a integração acontece na base dos princípios da Constituição, do estado de direito, da dignidade de cada pessoa, da igualdade entre homem e mulher, da liberdade religiosa e de opinião. Tudo isso não pode ser colocado em discussão em nome de uma religião e de uma cultura particular. A pluralidade não torna mais fácil o acordo sobre valores e regras comuns, mas o torna mais necessário. A multiculturalidade, de fato, é um dado de fato, uma realidade na qual vivemos, enquanto a integração é uma tarefa e um compromisso. A política é chamada a empenhar-se para realizar a igualdade de direitos e deveres para todos e, ao mesmo tempo, para favorecer a identificação de autóctones e imigrados com os princípios de uma sociedade democrática e pluralista. (Luisa Deponti, Missionária Secular Carlista, do Centro Estudos e Pesquisas para a Emigração de Basiléia) (Agência Fides 15/7/2005)


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