ÁFRICA/SUDÃO - Visita do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ao Sudão: “O governo de Cartum é responsável pela proteção dos refugiados”

Cartum (Agência Fides) - O Alto Comissário interino das Nações Unidas para Refugiado, Sra. Wendy Chamberlin, iniciou sua missão de cinco dias ao Sudão e ao Chade exortando o governo sudanês a manter as próprias responsabilidades na proteção de seus cidadãos e ajudar todos os sudaneses obrigados a fugir por causa da guerra civil a retornar às suas casas no sul do país. É o que informa o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, (ACNUR), em um comunicado enviado à Agência Fides.
Após visitar dois campos próximos da capital, Cartum, habitados por desabrigados do conflito civil que durou mais de 20 anos, a Sra. Chamberlin afirmou que o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a comunidade internacional consideram o governo sudanês responsável pela proteção de seus cidadãos e pela assistência no retorno às próprias áreas de origem, caso o desejem. O Alto Comissariado ad interim destacou que os mesmos princípios devem ser aplicados aos refugiados, cujo retorno deve ocorrer no respeito de seu caráter voluntário e em condições de segurança e dignidade.
Cerca de 6,1 milhões de pessoas fugidas da guerra civil no sul encontram-se atualmente desabrigadas dentro do Sudão. A estes, somam-se mais de 500 mil refugiados nos países limítrofes, principalmente Uganda, Quênia e República Democrática do Congo (RDC), que o ACNUR conta poder assistir na repatriação, em alguns meses. A assinatura do acordo de paz de janeiro passado, que colocou fim à guerra civil, constitui a condição para o retorno dos desabrigados e refugiados às suas casas.
Algumas mulheres desabrigadas, provenientes de regiões montanhosas de Nuba, que viveram por 17 anos em um campo, nas redondezas de Cartum, expressaram à Sra. Chamberlin as próprias preocupações sobre o retorno: temem que a viagem em ônibus seja cara demais, que seus filhos não tenham boas escolas como em Cartum, e que não haja terras a ser cultivadas.
A representante do ACNUR visitou também Nyala, no sul da região sudanesa de Darfur, aonde visitará alguns dos quase 2 milhões de desabrigados do conflito na região.
(L.M.) (Agência Fides 21/4/2005)