Cidade do Vaticano (Agência Fides) – A Conferência Episcopal Francesa declarou 2012 Ano jubilar da serva de Deus a ven. Pauline-Marie Jaricot, morta 150 anos atrás, em Lyon, em 9 de janeiro de 1862. Em 2012 comemoraram-se também os 190 anos da Fundação da Associação para a Propagação da Fé e os 90 anos da sua ereção como Obra Pontifícia.
Com a convocação deste Jubileu, a Conferência Episcopal Francesa pretendeu redescobrir a figura desta mulher, na realidade pouco conhecida, mas que com sua fé, criatividade e santidade criou a Cooperação Missionária dos tempos modernos.
Nascida em Lyon, na França, em 1799, num período de rápidas transformações políticas e culturais, ela foi uma adepta das missões estrangeiras e, ao mesmo tempo, uma operadora de justiça numa sociedade em que os direitos dos operários, especialmente os das mulheres, eram oprimidos.
Em 1822 fundou a Associação da Propagação da Fé com a característica da Universalidade. Ela intuiu que o problema da cooperação missionária não era ajudar uma missão específica, mas todas, sem distinção. “Façamos algo de universal, de católico”. “Todos os fiéis para todos os infiéis”. Com ela teve início o grande movimento de cooperação missionária, que deveria gradualmente envolver toda a Igreja, todos os católicos, todas as suas instituições, os seus ministérios. Da sua paixão missionária e intuição nasceram outras Obras Pontifícias: Santa Infância, S. Pedro Apóstolo, União Missionária. O seu lema "Todos os fiéis para todos os infiéis" se tornou "toda a Igreja para todo o mundo", o lema do Beato Pe. Manna, fundador da Pontifícia União Missionária.
À paixão pela difusão do Reino de Deus entre os não-cristãos, acrescentou-se a paixão pela justiça social. Para aliviar a miséria dos operários e das operárias do então mundo industrial, colocou em prática várias iniciativas de conscientização social e fundou o Banco do Céu.
Esta criatividade apostólica era o fruto de sua intensa vida espiritual. Estava firmemente convencida de que a obra missionária não era consequência da obra e dos recursos humanos, mas exclusivamente de Deus, porque era Sua a missão. Em 1826 fundou o Terço Vivo. Mas foi a sua vida que se tornou o testemunho mais tangível da sua paixão pelo anúncio do Evangelho aos Gentios. Doação de si mesma e do que tinha como bens de família, uma pobreza radical, uma contemplação contínua da face de Cristo acompanharam a sua aventura apostólica. No final, como a todo discípulo de Cristo, não faltou a cruz, teve que sofrer uma quantidade enorme de insultos pela falência que teve que declarar em 1862 e viver o resto de sua vida em absoluta pobreza.
O redescobrimento desta figura se eleva luminosa no mundo dos cristãos leigos, e de modo especial no mundo missionário. Ela, que amou chamar-se a “pobre de Jesus Cristo" e depois "a pobre de Maria", quis se identificar como “filha no Filho” para a salvação do mundo. Com sua vida e sua obra, foi motivo de uma reflexão eclesiológica missionária, que desabrochou no Concílio Vaticano II, com a afirmação: a Igreja é por sua natureza missionária, e que a evangelização é direito e dever de todo fiel leigo. Por isso, foi declarada Venerável pelo Beato João XXIII em 25 de fevereiro de 1963. (Agência Fides 09/01/2013)