VATICANO - O Papa recebe os participantes da Conferência Internacional promovida pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde: “A medicina se coloca sempre a serviço da vida. Mesmo quando sabe que não pode se debelar contra uma grave patologia, dedica as próprias capacidades a lenir os sofrimentos”

Sexta, 12 Novembro 2004

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - A voz do Papa elevou-se esta manhã, na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, para afirmar que “a medicina se coloca sempre a serviço da vida”. João Paulo II dirigiu-se aos participantes da XIX Conferência Internacional sobre “Os tratamentos paliativos”, organizada pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde.
Se a medicina não pode combater uma patologia _ disse o Papa _, deve aplicar-se para aliviar os sofrimentos, “tendo consciência da inalienável dignidade de todo ser humano, mesmo em estado terminal”. “Queira o Senhor iluminar aqueles que se fazem próximo aos enfermos, encorajando-os a perseverar nos distintos dons e nas diversas responsabilidades.” Para o cristão isso significa tomar cuidado do próprio Cristo e existe, de fato _ ressaltou o Santo Padre _, uma ligação direta entre a capacidade de sofrer e a capacidade de ajudar quem sofre, desfazendo “aquele enigma da dor e da morte que fora do Evangelho nos oprime”.
Em seguida, o Papa enfrentou o drama da eutanásia, causado “por uma ética que pretende estabelecer quem pode viver e quem deve morrer”, que suprime a pessoa ao invés de resgatar seu sofrimento, por força de “uma mal entendida compaixão ou de uma mal compreendida dignidade a ser preservada”, que chaga a eliminar a vida para suplantar a dor, “distorcendo desse modo o estatuto ético da ciência médica”.
Recusar-se ao acirramento terapêutico não significa rejeitar o paciente ou a sua vida, pelo contrário, é expressão de respeito: um respeito que se deve manter, em qualquer situação, pelo doente. Aí se coloca a necessidade de tratamentos paliativos para tornar suportável o sofrimento físico e psíquico, através da intervenção de equipe de especialistas, concordes entre si, “com competência médica, psicológica e religiosa”. Que o uso de analgésicos seja feito no respeito da liberdade dos pacientes, que por quanto possível devem poder-se preparar “com plena consciência para o encontro definitivo com Deus”.
Eis porque o uso de analgésicos deve ser proporcionado à intensidade e ao tratamento da dor, evitando doses ingentes com a finalidade de provocar a morte. Mas “a ciência e a técnica _ concluiu João Paulo II _ jamais poderão dar resposta satisfatória às interrogações essenciais do coração humano. A essas interrogações somente a fé pode dar respostas.” (AP) (12/11/2004 Agência Fides)


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