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Nova Délhi (Agência Fides) - “Condenamos com firmeza os dois ataques contra as Missionárias da Caridade, ocorridos ontem em Kerala. Estamos muito preocupados pela agressão destes grupos fundamentalistas hinduístas que buscam espaço político. Mas recebemos a solidariedade de instituições, organizações civis e diversos grupos religiosos hinduístas, muçulmanos e budistas” - é o comentário de Pe. Babu Joseph Karakombil, Porta-voz da Conferência Episcopal da Índia, a respeito dos dois recentes episódios de agressão praticados por fanáticos hinduístas contra as Irmãs de Madre Teresa, em Kerala.
Os ataques ocorreram ontem, 26 de setembro, na localidade de Pantheerankave, a norte de Cochin (Kerala, sul da Índia), em uma colônia dalit, (nativos indianos sem-casta). O primeiro incidente verificou-se por volta de maio-dia, enquanto duas irmãs se dirigiam à colônia para distribuir alimentos, como habitualmente. As irmãs atendiam as necessidades de algumas famílias da colônia, reduzidas à miséria e sem condições de nutrir os próprios filhos. Repentinamente, um grupo de cinco pessoas, gritando slogans de ideologia nacionalista hinduísta (hindutva) começaram a atacar com bastões de ferro e correntes os automóveis da caravana, ferindo Irmã Sirolina, Irmã Rose Merlyn e também o motorista.
Ao tomar conhecimento do incidente, um grupo de missionários se dirigiu ao local do ataque, sendo, por sua vez, agredidos por um grupo de 30 pessoas. A Madre Superiora, Irmã Kusuma, foi atingida na cabeça. Foram também feridos Irmã Shalot, e Irmão Varghese, o queniano Irmão Bernard e outro co-irmão dos missionários da Caridade (do ramo masculino da congregação). Os fundamentalistas ordenaram às irmãs de abandonar o veículo, mas não foram obedecidos. Todos os feridos encontram-se internados em um hospital particular das redondezas, e uma das irmãs está em graves condições.
A polícia chegou ao local e prendeu nove dos agressores. O partido nacionalista hinduísta Baratiya Janata Party (BJ) e outros grupos hinduístas negaram a autoria do ataque. Mas, como contaram as missionárias, os agressores gritavam slogans como “Longa vida ao BJP”.
Associações e movimentos cristãos em todo o Kerala se reuniram e emitiram um comunicado conjunto expressando preocupação pelo episódio, condenando-o duramente e defendendo a obra das Irmãs de Madre Teresa. O estado de Kerala è o berço da Igreja de rito sírio-malabarense e a presença cristã è fortemente presente e rica de vocações.
“A intenção é minar a harmonia social que reina desde sempre no estado de Kerala”, destacou à Fides Pe. Babu Joseph. “O ataque em Kerala è realmente incomum para a tradicional atmosfera cordial que reina entre os diversos grupos civis e religiosos no estado. Mas o assassinato de Pe. Job Chittilappilly, morto em Kerala, em 28 de agosto passado, e o ataque às Irmãs de Madre Teresa, sempre bem-vistas e amadas em toda a Índia, são um sinal preocupante. Existem alguns grupos que alimentam o fundamentalismo para obter visibilidade política. Por de trás destes ataques há interesses econômicos precisos”.
O Porta-voz explica à Fides a posição da Igreja indiana: “Como Igreja, não aceitamos provocações, reiteramos o rechaço de todo fundamentalismo religioso e pedimos a todos os grupos que desistam das atividades que atentam ao bem-estar da população indiana e de toda a nação. Alertamos a Comissão Nacional para as Minorias e recebemos a solidariedade de instituições sociais, grupos civis e de numerosas organizações religiosas. Todos sabem que a Igreja e as missionárias da caridade desempenham um precioso trabalho de assistência aos mais pobres entre os pobres”.
Os sentimentos anticristãos aumentaram durante os anos do governo do BJP. Os extremistas hinduístas acusam os cristãos de fazer proselitismo mascarado de serviço social. Os cristãos são cerca de 2% da população (os católicos são 17 milhões), de mais de um bilhão de pessoas. 80% são de religião hinduísta. (PA) (Agência Fides 27/9/2004)
