ÁFRICA/SUDÃO - O drama de Darfur: um mapa das diversas milícias que oprimem a população civil

Cartum (Agência Fides) - As chamadas milícias Janjaweed estão no centro da crise de Darfur, tema de uma recente resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (veja Fides de 20 de setembro de 2004). Tais milícias são consideradas responsáveis das maiores atrocidades cometidas contra a população civil de Darfur, no oeste do Sudão.
O termo Janjaweed foi usado pela primeira vez para designar as milícias árabes no final dos anos 80, no século passado. No dialeto local, Janjaweed significa “homens maus a cavalo, armados com fuzil”. Na realidade, existem diversas milícias chamadas genericamente “Janjaweed”. Vejamos um breve quadro:
1) Primeiramente, existem os grupos de pastores armados. Agem como uma espécie de milícia de autodefesa e estão significativamente envolvidos nas violências.
2) Já os Rizeigat Janjaweed são uma milícia liderada por Musa Hilal, acusado pela comunidade internacional. Musa Hilal tem um passado de criminoso (foi preso em 1997 pelo assassinato de 17 pessoas em Darfur), mas foi libertado em 2003, para ajudar a organização das milícias, apoiando-se ao grupo dos Rizeigat Abbala. Este é um grupo étnico pertencente à comunidade dos Baggara, beduínos nômades descendentes de tribos árabes que se estabeleceram em Darfur na época Medieval. Musa Hilal não controla completamente estas milícias, e quase foi assassinado por membros de seu clã, por contrastes internos. Segundo fontes da imprensa internacional, Hilal controla todavia 1200 homens armados.
3) Ao lado destes, há milícias formadas por outras comunidades Baggara, como as do grupo Terjam, perto de Nyala, no sul de Darfur.
4) Há ainda milícias compostas por árabes provenientes do confinante Chade, como por exemplo o grupo Salamat, que vive na fronteira entre os dois países, e que dispõe de muitos homens.
5) Novas milícias nasceram de grupos que ainda não estavam implicados no conflito. Entre estas, estão os fellata, pastores originários do Oeste da África, que vivem em uma área muito ampla, que vai do Senegal ao Chade.
6) Enfim, foram criadas também as Forças para a Defesa Popular (FDP), milícia oficial do governo, que apóia o exército contra a guerrilha do sul e de Darfur.
Tais forças são apoiadas pela aviação governamental, que utiliza aviões de combate e helicópteros de assalto para bombardear a população civil.
Em Darfur, existem dois movimentos de guerrilha antigovernamental: o Movimento pela Justiça e a Igualdade (JEM) e o Exército de Libertação Sudanês (SLA). Estes movimentos pedem ao governo central novos recursos para desenvolver a região, que por tanto tempo, foi ignorada pelo executivo sudanês. Os colóquios de paz entre estes movimentos e o governo sudanês, que estavam em andamento na Nigéria, foram suspensos por um mês. (L.M.) (Agência Fides 21/9/2004)