ÁSIA/INDONÉSIA - Candidatos e estratégias nas primeiras eleições presidenciais com sufrágio universal

Sábado, 3 Julho 2004

Jacarta (Agência Fides) - A maior novidade das eleições presidenciais de 5 de julho é que, pela primeira vez na história do país, terão o sufrágio universal. Durante a ditadura (1966-1998) e nos anos sucessivos, o presidente era escolhido pela Câmera Alta, um ramo do parlamento modificado pela nova lei eleitoral, que concede assim, à democracia Indonésia, mais uma oportunidade. Os candidatos à Presidência serão votados diretamente pelos 147 milhões de eleitores.
O primeiro dos cinco candidatos é o general Wiranto, ex-Chefe do exército e ministro da Defesa, indiciado por um tribunal de Timor Leste por crimes contra a humanidade, cometidos na época do referendo para a secessão, em 1999.
Wiranto é líder do partido Golkar, organização política criada pelo ex-ditador Suharto, que conta com o apoio do lobby militar e da burocracia civil. Este partido, caído em desgraça no fim da era Suharto, venceu as eleições políticas em abril passado e tornou-se o maior do novo parlamento indonésio. Wiranto foi nomeado candidato a presidente. O general apresentou-se como “candidato forte”, pronto para administrar a difícil fase da atual democracia indonésia. De fato, a crônica dos últimos seis anos foi marcada por episódios violentos, como a tragédia de Bali, que causou mais de 200 mortos. Wiranto também conta com o apoio total do Partai Kebangkitan Bangsa (PKB), fundado pelo ex-presidente Abdurrahman Wahid, conhecido como Gus Dur.
Wiranto deverá vencer a concorrência da atual Presidente, Megawati Sukarnoputri (cujo partido sofreu uma queda nas recentes eleições políticas), filha do primeiro presidente indonésio Sukarno. Megawati obteve o apoio da poderosa organização islâmica Nadlatul Ulama, que conta mais de 40 milhões de adeptos, e cujo líder, Hasyim Muzadi, é o candidato para vice-presidente do l’Indonesia Democratic Party Struggle (PDIP), em dupla com Megawati. Sua campana eleitoral se caracterizou por promessas de reformas econômicas, criação de 13 milhões de postos de trabalho, redução da pobreza, melhoramento do setor de ensino e saúde, e combate à corrupção.
As pesquisas indicam ainda outro general em ascensão: Susilo Bambang Yudoyono, ex-ministro da segurança e líder do recém-nascido Partido democrático que obteve mais de 7,5% nas parlamentares de abril. Ao contrário de Wiranto, que fundou sua plataforma em temas populistas e patrióticos, Susilo Bambang não insistiu nos temas da insegurança e da divisão do país. Yudoyono apostou em problemas reais e se apresentou como um perfil de verdadeiro homem de Estrado. Recorreu a discursos sobre luta ao terrorismo e ao separatismo, reforma da burocracia e eliminação da corrupção, além do crescimento econômico.
Os observadores atribuem aos outros dois candidatos poucas chances: Amien Rais, ex-líder da organização islâmica Muhammadiyah e ex-presidente do Parlamento indonésio, que buscou os favores de pequenos comerciantes e artesãos, tentando abranger as classes médio-baixas.
Outro concorrente é Hanzah Haz, que foi vice-presidente de Megawati em 2001. Conta com o sustento dos muçulmanos das áreas rurais: prometeu novos lugares de culto islâmicos nas escolas e um impulso ao ensino e à saúde. (PA) (Agência Fides 3/7/2004)


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