Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Roma (Agência Fides)- Diz a tradição que as Tábuas da Lei estão hoje na Etiópia, roubadas de Salomão pela Rainha de Sabá, e conservadas em Axum, cujos restos do seu palácio foram descobertos em recentes escavações e que confirmam a veracidade do relato bíblico. As tábuas estão sob custódia de um monge da Igreja Ortodoxa.
O Arcebispo Thimoteus - Reitor do Tinity College de Addis Abeba - afirmou em uma entrevista à televisão pública italiana: “A Igreja Etíope tem suas raízes no Velho e no Novo Testamentos. Nós fomos, com os hebreus, entre as primeiras populações a conhecer e praticar a lei dos Dez Mandamentos, desde o tempo da Rainha de Sabá após o seu encontro com Salomão. Como é sabido, e como está documentado, entre os dois nasceu o amor, do qual veio à luz, no retorno à pátria, o seu primeiro filho, a quem chamou Menelik. Com 20 anos, Menelik foi a Israel para conhecer o pai Salomão, de quem recebeu grandes honras, quando depois voltou para a Etiópia, trouxe consigo 12 escritos de Israel, os livros do Velho Testamento e a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei, que as nossas populações esconderam no centro do Lago de Zway, quando os muçulmanos tentaram se apoderar do tesouro. Agora, a Arca da Aliança se encontra na Etiópia, custodiada dia e noite por um nosso monge e, com ela, os livros do velho Testamento que ainda são usados. E eis o motivo pelo qual a maioria dos nossos locais de oração não tem a forma da Cruz, mas da Sinagoga. Gostaria de recordar que do antigo Testamento está aqui o Livro de Baruc, que se encontra somente aqui na Etiópia”.
Em poucas nações, os Dez Mandamentos foram, e o são até hoje, parte real da história de um povo, que tem consciência de tê-los custodiado e defendido por quatro mil anos, no alternar-se dos eventos históricos.
Samuel Abraha Weldeyohannes - estudante do Seminário Maior de Adigrat, afirma: “Muito antes que em todo o mundo, aqui na Etiópia, os Dez Mandamentos foram seguidos não como lei natural, mas como realidade, de uma revelação e de um dom ao homem. E se é verdade que o homem de hoje está fazendo grandes progressos, é também verdade que muitas vezes se afasta dos valores do amor, como é a lei de Deus, procurando o domínio pelo domínio, provocando injustiça e pobreza. Assim, o egoísmo se torna lei, a paixão se torna lei, a mentira se torna lei, a posse se torna lei, o fanatismo se torna lei... enquanto isso, por outro lado, doenças terríveis como a Aids estão exterminando inteiras regiões dos nossos territórios... quanto mais nos distanciamos das tábuas da Lei, menos respeitamos o outro como nosso semelhante, a sua dignidade de pessoa. O domínio sobre o outro parece que a única razão do nosso ser, deixando a porta aberta à pobreza, mãe de todas as misérias, aos horrores do terrorismo, às guerras, às injustiças”. (L.M.) (Agência Fides 23/6/2004)
