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Lagos (Agência Fides) - Na última semana, uma onda de violência em diversas áreas da Nigéria deixou centenas de mortos. A maior parte das vítimas registra-se no nordeste, no estado de Adamawa, em atritos que a imprensa internacional define como inter-religiosos, mas que de acordo com as fontes da Agência Fides, “têm origem social e étnica. Trata-se, sobretudo, de violências desencadeadas com a chegada incontrolada de imigrados de outras regiões do país e de países confinantes, que determinaram problemas sociais como desemprego e carência de habitações. O fator religioso tem papel secundário”.
As autoridades do estado de Adamawa decretaram o toque de recolher na capital, Yola, e removeram o chefe tradicional Freddy Bongo de seu cargo, acusando-o de cumplicidade nas violências. Bongo, ex-líder dos Buchama, uma etnia cristã majoritária na área, havia incitado a multidão contra a construção de uma mesquita nas proximidades de sua residência. “Os fatores que desencadeiam a violência são de ordem religioso, mas toda esta violência é fruto de frustrações econômicas e sociais” - comentam as fontes da Fides.
De fato, não há motivos religiosos para os atritos ocorridos do distrito meridional de Buguma, onde durante um ataque do exército em busca de contrabandistas, pelo menos 10 pessoas foram mortas. “Com exceção deste episódio específico, é preciso recordar que a distribuição desigual dos recursos petrolíferos da região é o elemento central da violência endêmica nesta parte na Nigéria”. Os habitantes da zona afirmam não desfrutar de algum benefício da exploração do petróleo. “É verdade que não existe uma justa distribuição das rendas petrolíferas, e que há vários casos de corrupção ligados à extração do petróleo nigeriano” - continuam as fontes da Fides. “Mas não se pode atribuir a culpa somente aos nigerianos. Se existem corruptos, existem também corruptores, que certamente não são nigerianos. Recorda-se que, nestes dias, uma potência multinacional do petróleo está sendo indagada por pagar propinas na Nigéria.”
“A violência que atinge periodicamente a Nigéria tem, portanto, diversas causas, e não podemos relacioná-las exclusivamente à religião, a um atrito entre cristãos e muçulmanos. Não podemos também isolar a Nigéria do contexto global, no qual tantos fatores se somam ao influenciar eventos internos a este grande país.” As fontes da Fides concluem: “a superficialidade do juízo é o maior obstáculo para encontrarmos soluções a problemas não só africanos, mas universais”. (L.M.) (Agência Fides 14/6/2004)
