Abidjã (Agência Fides) - “Leiam com calma o texto a que são chamados a aprovar. Assim, poderão se expressar em plena consciência, pois se trata do futuro de nosso país” disse Dom Jean-Pierre Kutwa, Arcebispo de Abidjan, segundo as notícias recebidas pela Fides, véspera do referendo para a aprovação da reforma da Constituição na Costa do Marfim, marcado para 30 de outubro.
Dirigindo-se aos políticos, Dom Kutwa afirma: “queridos atores da vida política de nosso país, diversos irmãos e irmãs os consideram culpados, com ou sem razão, de serem a causa de nossos males e divisões. Penso que quando todos se questionam a seu respeito, não devem se contentar em dizer que vocês têm razão e os outros não. É uma forma de sabedoria questionar-se se têm ou não. Em todo caso, este tipo de questionamento não é sinal de fraqueza”. Os líderes muçulmanos também lançaram apelos à calma em vista do referendo.
O texto foi aprovado pelo Parlamento marfinense em 11 de outubro passado e para entrar em vigor deve ser aprovado pelos cidadãos com um referendo. A oposição, ligada ao ex-Presidente Laurent Gbgabo, lançou um apelo para boicotar o referendo convidando os eleitores a não irem às urnas.
Os deputados levaram menos de uma hora para aprovar os 184 artigos do novo texto constitucional elaborado por um comitê de juristas e não por uma Assembleia Constitucional.
Dentre as novidades introduzidas, estão a criação do Senado (do qual um terço será nomeado pelo Presidente), do cargo de Vice-Presidente e a eliminação da realização de referendo para modificar as regras da eleição dos candidatos para as eleições presidenciais. É também abolida a norma sobre a cidadania, que previa que os candidatos à Presidência tivessem pelo menos um dos pais de nacionalidade marfinense. Tornam-se normas constitucionais a educação obrigatória e a igualdade entre homens e mulheres. (L.M.) (Agência Fides 28/10/2016)