Kinshasa (Agência Fides) - A instabilidade política que vive a República Democrática do Congo no âmbito do governo central se soma as das áreas periféricas, como no Kasai Central (veja Fides 26/9/2016) e sobretudo no Norte e Kivu Sul. Áreas amplas do Kivu Norte são há décadas reféns de vários grupos armados, alguns dos quais de origem ruandesa e ugandense (veja Fides 7/12/2015). O governo de Campala nestes dias informou o de Kinshasa sobre a presença, perto da ponte de Semliki, de “terroristas” prontos para atacar Uganda.
Uma denúncia que causou perplexidade na CEPADHO, organização local para a defesa dos direitos humanos, que num comunicado enviado à Agência Fides recorda que “em 2 de outubro, a população da cidade e do território de Beni celebrou o aniversário triste do início dos massacres de civis que custaram a vida a 1.200 pessoas” da parte do grupo de origem ugandense ADF-NALU.
“Uganda sempre brilhou pela sua mudez nesta tragédia”, afirma a CEPADHO. “Tanto que junto a somalis, quenianos, tanzanianos, ruandeses, sudaneses e congoleses a maioria dos terroristas são de nacionalidade ugandense ou infiltrados a partir de Uganda”.
A CEPADHO lança um alarme “sobre uma nova provável rebelião que está sendo fomentada em Beni, e teme que a denúncia de Uganda esconda o seu envolvimento nesta trama”.
Na área de Goma, capital do Kivu Norte, aumenta a preocupação da população local pelo estacionamento de guerrilheiros fiéis ao deposto vice-presidente sul-sudanês Riek Machar, caçado do Sudão do Sul depois dos confrontos de Juba (veja Fides 13/7/2016). Os homens de Machar estão sob a supervisão da Missão da ONU na RDC (MONUSCO), mas se teme que estes homens armados (muitos dos quais de nacionalidade congolesa que tinham ido para o Sudão do Sul sob a base de ligações tribais transfronteiriças com Machar) possam se tornar um novo elemento de instabilidade.
No Kivu Sul o que inquieta é a presença de guerrilheiros burundineses (veja Fides 5/9/2016). Se a crise da RDC explodir corre-se o risco de fazer toda a região dos Grandes Lagos se afundar no caos, considerando as ramificações dos vários grupos armados nos países da área. (L.M.) (Agência Fides 4/10/2016)