Lilongwe (Agência Fides) - São mais de 12 milhões as pessoas que correm o risco de passar fome na África Austral, segundo a FAO (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), por causa da seca provocada pelo El Niño, fenômeno natural provocado pelo aquecimento das águas do sul do Pacífico que influencia o clima em quase todo o mundo. Os países mais afetados são Angola, Lesoto, Maláui, Moçambique, Suazilândia, Zimbábue e Madagascar.
De Maláui chega à Agência Fides o testemunho dramático de Pe. Piergiorgio Gamba, missionário monfortano. “Sempre fomos pobres”, dizem as pessoas, “mas nunca como este ano estamos vivendo mal a falta de comida”, conta Pe. Gamba.
O missionário refere que a grave penúria alimentar está causando consequências sociais muito sérias. “Se é difícil viver bem a pobreza, a deste ano está criando situações que nunca tinham acontecido. Por exemplo, a caça aos albinos, porque segundo as crenças de bruxaria, quem possui um pedaço do corpo de um albino se torna imediatamente rico. Houve um caso em que o pai vendeu o seu filho de nove anos por pouco mais de mil euros”.
“O governo acentuou a pressão fiscal e as pessoas pagam imposto até dos cadernos usados nas escolas, cadernos que são divididos em dois para durar mais tempo e ser partilhado com os outros estudantes”, conclui o missionário. (L.M.) (Agência Fides 5/8/2016)