ÁSIA/IRAQUE - Responsável por Unicef: no norte do Iraque, um plano de “limpeza étnico-religiosa” que atinge as minorias

Sábado, 28 Junho 2014

Erbil (Agência Fides) – A onda de deslocados que fugiram de Qaraqosh e dos vilarejos cristãos da Planície de Nínive sob a pressão militar dos insurgentes sunitas guiados pelos islamistas do Estado islâmico do Iraque e do Levante assumiu as dimensões de uma emergência humanitária. Em Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano, a situação crítica foi enfrentada em conjunto pelos organismos de intervenção internacional e pelas iniciativas assistenciais colocadas em ato pelas comunidades cristãs. “No momento”, explica à Agência Fides o médico da região norte da Itália, Marzio Babille, responsável por Unicef no Iraque, “somente em Erbil encontraram refúgio em estruturas públicas ou comunitárias pelo menos oito mil deslocados provenientes da Planície de Nínive, que foram distribuídos em 19 pontos de acolhimento, em boa parte concentrados no subúrbio de Ankawa, habitado principalmente por cristãos. Os primeiros que chegaram pareciam literalmente aterrorizados, depois de que sua cidade tinha sido atacada com morteiros. Como Unicef desde o início da emergência garantimos a distribuição de serviços e bens de primeira necessidade, em especial, montamos dois centros para crianças, onde os nossos agentes tomam conta diariamente de mais de 700 meninos e meninas com menos de 7 anos de idade". Na opinião de Babille, pelo menos em Erbil a resposta à emergência humanitária tem sido rápida e satisfatória para a coordenação entre as instituições civis e comunidades eclesiais. Do seu ponto de vista, o responsável Unicef no Iraque percebe um claro projeto político por trás do ataque de insurgentes sunitas e as reações desencadeadas por ele: "As áreas atacadas", disse à Fides o médico de Trieste, "são realmente 'limpas' pelos grupos étnicos e minorias religiosas. Não acontece somente com os cristãos, mas também aos turcomanos que fugiram de áreas do sudeste do Curdistão iraquiano e são alvos de ataques direcionados em Kirkuk. É óbvio que querem reconfigurar a região definindo as 'áreas', onde os diferentes grupos podem ou não podem viver. Se continuar assim, será menor a chance de manter uma coesão nacional baseada na convivência entre identidades diferentes. Os cristãos estarão entre as primeiras vítimas desta tendência". Nos próximos dias um grupo Unicef tentará chegar à área de Sinjar, na fronteira com a Síria, onde são empilhados em condições dramáticas 70 mil deslocados turcomanos, cristãos e xiitas que fugiram, principalmente, do bairro de Tal Afar diante da ofensiva dos jihadistas de ISIL. "Com base em nossas informações", disse à Fides Babille, "acreditamos que entre os refugiados pelo menos 30 mil podem ser crianças e adolescentes". (GV) (Agência Fides 28/6/2014).


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