ÁSIA/PAQUISTÃO – Cristão condenado a morte por blasfêmia depois do incêndio da “Joseph Colony”

Sexta, 28 Março 2014

Lahore (Agência Fides) – Um tribunal de primeiro grau de Lahore condenou à morte o cristão Sawan Masih com a acusação de blasfêmia. Masih foi condenado ontem, 27 de março, por ter presumivelmente dirigido insultos ao profeta Maomé, durante uma conversa com um amigo muçulmano, em março de 2013. É o que informam à Agência Fides os advogados da defesa de Masih. O episódio desencadeou uma violenta reação de massa: 3.000 muçulmanos, para punir Sawan Masih e todos os cristãos, atacaram e demoliram o “Joseph Colony”, bairro cristão de Lahore, em 9 de março do ano passado. O trágico balanço daquele ataque – que ficou totalmente impune – foi de 2 igrejas e mais de 100 casas de cristãs incendiadas, enquanto a população fugia aterrorizada.
A multidão se acalmou somente depois que Sawan Masih foi preso pela polícia. Como informado à Fides pelos advogados da defesa, o processo ao homem se realizou na prisão, por razões de segurança. Os advogados estavam otimistas sobre a decadência das acusações, “claramente infundadas” e anunciaram um imediato recurso à Corte de apelo.
Segundo a acusação, o homem teria dito: “Jesus é o único verdadeiro Deus. Ele virá salvar-me, enquanto o Profeta dos muçulmanos é um deus falso”. Masih negou a acusação, afirmando não ter dito nada sobre o Profeta Maomé e que as acusações, evidentemente inventadas, eram devidas a uma disputa relativa a uma propriedade. Como informado à Fides, a defesa de Masih frisou que na denúncia apresentada à polícia, “existem duas versões paralelas: as testemunhas citadas na primeira versão são diferentes das registradas na ‘declaração integrativa’, apresentada oito dias após os fatos. Somente depois foram introduzidas, desonestamente, observações sobre presumíveis frases de natureza blasfema”. A mesma dinâmica (acusações e testemunhas de blasfêmia apresentadas uma semana depois dos fatos contestados), se verificou no processo de primeiro grau de Asia Bibi, a cristã condenada à morte por blasfêmia 4 anos atrás. Sawan, convicto de não ter feito nada de mal, está vivendo este período de provação firme na fé, confiando no processo de apelo.
Nasir Saeed, diretor da ONG CLAAS (“Center for Legal Aid Assistence and Settlement”), que acompanha o caso de perto, comenta: “Este é o enésimo caso de acusações inventadas. Infelizmente, a lei da blasfêmia se tornou um poderoso instrumento nas mãos de extremistas, e é continuamente usado para atacar igrejas, incendiar cidades e aldeias cristãs e também para matar pessoas inocentes. Esta lei é incompatível com os direitos humanos e deve ser modificada”. (PA) (Agência Fides 28/3/2014)


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