AMÉRICA/MÉXICO - Evento histórico: um Bispo no Congresso de Coahuila abre um diálogo pelos direitos dos migrantes

Quarta, 6 Novembro 2013

Coahuila (Agência Fides) – “No exterior, nos tornamos um país que se sobressai porque aqui matamos os migrantes”, denunciou o Bispo da diocese de Saltillo (Coahuila, México), Dom José Raúl Vera López, O.P., falando ontem, 5 de novembro, no Congresso de Coahuila, sede da autoridade máxima do Estado, acrescentando que devido ao que acontece no país, “o México está reprovado em matéria de Direitos Humanos”.
A nota enviada à Agência Fides destaca que se trata de um “evento histórico”, pois Dom Vera Lopez é o primeiro Bispo da Igreja Católica a falar na sede de poder legislativo de Coahuila, onde fez uma palestra intitulada “Os Direitos Humanos dos migrantes”, diante de mais de 500 pessoas. Desde 2010, Dom Vera Lopez leva avante de modo enérgico a defesa dos direitos dos migrantes no mundo, e justamente por este motivo se pronunciou nas sedes dos organismos internacionais mais importantes.
Na sua conferência, Dom Vera Lopez denunciou que “a polícia entregou nas mãos da criminalidade organizada os migrantes; os trens são parados para que os migrantes sejam extorquidos pelos policiais em milhares de dólares e quem não paga deve descer do trem”. O Bispo de Saltillo depois afirmou que cada pessoa “sem documento” paga de 3.000 a 5.000 dólares aos traficantes para atravessar a fronteira e chegar aos Estados Unidos em busca de trabalho. Destacou ainda a cumplicidade das autoridades em alguns casos, como o crime de San Fernando, Tamaulipas (veja Fides 27/08/2010 e 1/08/2010), onde três anos atrás houve uma chacina de migrantes, na maioria centro-americanos, justamente onde passavam os meios de locomoção do exército: "Como não perceber?", questionou o Bispo. Por fim, convidou todos a se unirem em defesa dos migrantes sem documentos, através da campanha "Visa Transmigrante, por una migracion sin violencia".
O segundo palestrante foi o especialista em migração Rodolfo García Zamora, da Universidade Autônoma de Zacatecas (UAZ), que declarou que deixaram o país 11 milhões de mexicanos por causa da incapacidade do modelo econômico e da ausência de uma política de desenvolvimento social.
Vários representantes políticos e sociais expressaram o próprio reconhecimento à Igreja Católica e às autoridades de Coahuila porque, de fato, este evento abre um diálogo público entre a Igreja e o poder político sobre um problema muito grave da sociedade mexicana. (CE) (Agência Fides, 06/11/2013)


Compartilhar: