ÁSIA/TERRA SANTA - O Presidente da Caritas Jerusalém: Gaza continua sendo uma prisão a céu aberto

Quarta, 17 Julho 2013

Gaza (Agência Fides) - “Fiquei traumatizado por causa do nível de miséria que vivi em Gaza. Toda a Faixa de Gaza continua sendo um prisão a céu aberto, fechada pelo mar, pelo embargo de Israel e agora pelo Egito”. Assim Pe. Raed Abusahlia, Diretor geral da Caritas Jerusalém, sintetiza as impressões registradas durante a recente missão cumprida pela delegação da Caritas local entre a população da Faixa de Gaza governada pelos islamitas de Hamas.
O relatório da missão enviado por Pe. Raed à Agência Fides é um grito de alarme: o embargo imposto por Israel esmaga a população, que quase um terço vive abaixo da linha da pobreza. Agora, até mesmo os túneis subterrâneos que ligavam o território ao Egito - onde passavam mercadorias de todos os tipos, que se tornaram uma fonte de renda para os cofres do Hamas – foram bloqueados com a entrada do governo egípcio, que detém, de fato, fechada a passagem de Rafah. "As costas de Gaza", disse Pe. Raed "já são agora um desastre ecológico e de um momento para outro podem desencadear-se infecções e epidemias: todas as descargas terminam no mar, a água é preta e tem um odor fétido, os peixes estão todos mortos e os pescadores não podem pescar em mar aberto por causa do embargo. Falta gasolina e a eletricidade desaparece por horas e horas criando situações de emergência nos hospitais".
A Faixa de Gaza – submetida a embargo por Israel desde 2007 – é uma área de 41 km, com 6 a 12 km dos outros lados. Naquela língua de terra se concentram um milhão e 700 mil habitantes. A delegação da Caritas, liderada por pe. Raed, ofereceu ao ministério da Saúde local uma grande quantidade de medicamentos raros a serem distribuídos em postos de saúde da região. Uma parte do estoque de medicamentos foi entregue diretamente ao Hospital anglicano. Nos dias de sua permanência em Gaza, os membros da equipe entraram em contato com estruturas e iniciativas administradas diretamente pela Caritas: O Centro médico organizado nas áreas dos campos de refugiados e a clínica móvel – onde trabalham 18 agentes – o Centro de próteses artificiais para pessoas que ficaram inválidas com as recentes ações bélicas israelenses (que atua em parceria com a Caritas), os grupos de socorro pedagógico para crianças traumatizadas pelos bombardeios, e o trabalho dos grupos de voluntários encarregados de distribuir víveres e pequenas somas de dinheiro (200 dólares) a mais de 2 mil famílias que tiveram suas casas destruídas pelos ataques militares. “Naquela situação de sofrimento cotidiano”, informa à Fides pe. Raed “as iniciativas dos cristãos, de suas paróquias e das agências internacionais cristãs representam um sinal eloquente e apreciado de testemunho e de solidariedade com toda a população”. A delegação conheceu também a ação do governo autônomo de Hamas e do controle social exercido sobre a população pela liderança política islâmica que está há 7 anos no poder. “Rodando pelas ruas”, observa pe. Raed Abusahlia – a questão surge espontaneamente: este é o Estado da Palestina ou o emirado de Gaza? Como palestino, espero que a divisão termine rapidamente, e, sobretudo, que sejam levantados todos os embargos. Este povo merece viver”. (GV) (Agência Fides 17/7/2013).


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