ÁSIA/PAQUISTÃO – Que esperanças para os cristãos depois das eleições no Paquistão? O nó da blasfêmia

Sábado, 1 Junho 2013

Islambad (Agência Fides) – Haverá novas esperanças para os cristãos no Paquistão? Como informado à Fides, depois das eleições de 11 de maio, alguns cristãos estão confiantes, mas muitos estão ainda cépticos sobre a possibilidade de uma mudança real de status das minorias religiosas. O novo premiê, Nawaz Sharif Pakistan, da “Pakistan Muslim League-Nawaz” (PML-N), que obteve a maioria das cadeiras no Parlamento, é conhecido como “líder conservador” e colocou, dentre os primeiros pontos de sua agenda, um diálogo com os talibãs para tentar derrotar o terrorismo. Nos últimos cinco anos, o irmão menor de Sharif, Shahbaz Sharif, governou a província de Punjab, a mais importante do país, coração pulsante econômico e político, onde vivem 60% dos paquistaneses e muito importante também para os cristãos: cerca de 80% dos cristãos paquistaneses – que são no total 3,5 milhões, o equivalente a cerca de 2% dos 175 milhões de habitantes – vivem em Punjab. “Nos últimos anos, formações talibãs ou terroristas como a ‘Sipah-e-Sahaba’ (SSP), proibida, atacaram repetidamente as minorias religiosas como os ahmadi, xiitas e cristãos em Punjab”, recorda à Fides Aftab Alexander Mughal, intelectual cristão e Diretor da publicação “Minorities Concern of Pakistan”. “La SSP atua em Punjab com o novo nome ‘Ahle Sunnat Wal Jamaat’, que apoiou abertamente o partido de Sharif em algumas circunscrições eleitorais do Punjab”, prossegue. Tradicionalmente, os cristãos paquistaneses votam em partidos liberais. Todavia, especialmente em Punjab, muitos cristãos votaram pelo partido de Sharif. Shahbaz Sharif, irmão menor do Premiê, obteve a maioria dos votos em Yohannabad, subúrbio de maioria cristã de Lahore, capital de Punjab, onde os cristãos eleitores são 35.000. Durante um comício eleitoral, Nawaz Sharif prometeu que seu partido daria igualdade de direitos para as minorias e ao que parece, os eleitores cristãos lhe deram confiança. “Os irmãos Sharif podem trazer mudanças positivas para as minorias”, confia à Fides Irfan Barkat, ativista cristão, recordando as indenizações dadas às famílias cristãs da “Joseph Colony” de Lahore, bairro cristão atacado e incendiado por extremistas, em março passado. Todavia, outros cristãos são cépticos e recordam que quando a “Pakistan Muslim League-N” governou no passado, muitas localidades cristãs foram alvo de fanáticos muçulmanos. Dentre os episódios mais graves, recordam-se o ataque a duas aldeias cristãs em Shantinagar em 1997, os ataques aos cristãos no distrito de Kasur e à cidade de Gojra, em 2009. No incidente de Gojra, 8 cristãos foram queimados vivos. Segundo um novo inquérito, “nos ataques, os líderes locais da PML-N tiveram o papel de fomentar os muçulmanos locais a atacar os bairros cristãos”, explica Aftab Mughal (veja artigo da Fides de 1/6/2013)). Em uma conferência realizada em Lahore no dia 30 de maio, um grupo de líderes políticos cristãos disse que os fiéis estão preocupados com o futuro, quando a PML-N estiver no poder. Um dos principais problemas, explicam, é certamente a lei da blasfêmia, quase sempre usada para punir as minorias cristãs. Nadeem Anthony, advogado cristão, declara à Fides: “A maior parte dos cristãos não nutre grandes esperanças no futuro governo de Sharif, por causa de sua tendência religiosa conservadora e das relações com os grupos fundamentalistas. Sharif foi também a favor da lei sobre a blasfêmia, que é uma das principais causas dos problemas dos cristãos no Paquistão”, recorda. Até que a lei da blasfêmia não for revogada ou modificada, os cristãos vão sofrer como no passado, conclui. (PA) (Agência Fides 1/6/2013)


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