ÁSIA/SRI LANKA - Cidadãos e comunidades religiosas unidos para salvar uma mesquita e defender as minorias

Sexta, 27 Abril 2012

Colombo (Agência Fides) – Associações, simples cidadãos, fiéis de todas as religiões se unem no Sri Lanka para a tutela das minorias religiosas e para defender a mesquita de Dambulla, cidade no centro da Ilha: lançaram um apelo ao governo para que garanta os direitos, a liberdade de culto, a dignidade de todos os fiéis, especialmente daqueles que pertencem às comunidades religiosas minoritárias. O fórum da sociedade civil, que inclui membros de todas as religiões, publicou uma "Declaração contra a intolerância religiosa", condenando em especial o recente ataque à mesquita de Dambulla por parte de um grupo de ativistas e monges budistas. À comunidade hinduísta, nota o apelo enviado a Fides, também foi pedido de transferir um templo que está nas proximidades. A mesquita de Dambulla foi construída mais de 60 anos atrás, e os administradores da mesquita possuem os documentos da legítima propriedade do terreno e do edifício. Em 20 de abril passado, uma delegação de monges e ativistas budistas manifestou pedindo sua demolição porque “a mesquita e o templo foram construídos sobre a terra sagrada budista”. Depois de uma discussão pública, nos dias sucessivos o governo afirmou que a comunidade muçulmana terá três meses para encontrar um terreno alternativo e transferir a mesquita. Tudo isso “sem ouvir os fiéis muçulmanos e deixar que expressassem sua opinião", nota o apelo, definindo injusta a medida e pedindo uma solução negociada. As mais de 30 associações, entre as quais um grupo de católicos, que assinaram o apelo notam que “há mais de 60 anos as pessoas muçulmanas na região vivem com outros fiéis, num espírito de amizade. Todavia, hoje percebemos que a intolerância religiosa está aumentando e o Estado faz pouco para controlá-la".
O incidente de Dambulla não é um caso isolado. No ano passado, um santuário muçulmano foi destruído em Anuradhapura. Em Ashraf Nagar, o exército sequestrou terras que pertenciam a 69 famílias cristãs. Em Illangaithurai Muhathuwaram, no lugar de um santuário hindu foi construída uma estátua budista. Em fevereiro passado, em Ambalangoda, foi atacada uma Igreja da Assembleia de Deus e um pastor foi agredido em Kaluthara, acusado de ‘conversões’. Ainda em Kaluthara, no ano passado, um grupo de monges e ativistas budistas atacou a Gospel Church e a polícia impediu a Igreja de funcionar, justificando que o templo “violava a paz”.
“Sri Lanka é uma nação multi-étnica, multi-religiosa, em que o pluralismo e a tutela dos direitos religiosos e culturais, assim como a liberdade religiosa, são um principio fundamental da Constituição e uma garantia para todos os cidadãos” – nota o apelo, pedindo ao Presidente Mahinda Rajapaksa medidas para garantir as minorias religiosas, a atuação pela harmonia nacional e a coexistência pacífica. Sri Lanka é uma nação de grande maioria budista em que se registraram no passado atos de violência perpetrados por alas budistas fundamentalistas. (PA) (Agência Fides 27/4/2012)


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