ÁSIA/SRI LANKA - DEPOIS DE VINTE ANOS DE GUERRA SANGUINÁRIA, “TIGRES” E “CORDEIROS” COLOCAM-SE NUMA MESMA MESA: A PAZ É REALMENTE POSSÍVEL?

Quarta, 7 Maio 2003

Colombo (Agência Fides) – “O Sri Lanka merece paz, prosperidade, dignidade e igualdade de direitos para todos; para isso, é preciso trabalhar e rezar incessantemente pela paz”, afirmou num colóquio com a Agência Fides, Dom Oswald Gomis, Arcebispo de Colombo e Presidente da Conferência Episcopal.
O Arcebispo comentou à Fides a decisão do Liberation Tiger of Tamil Eelam (LTTE) de suspender a participação nas conversações de paz: “Hoje estão em andamento fortes pressões sobre ambas as partes para reavivar as negociações que há um ano estavam gerando passos avante. Também a Igreja está fazendo a sua parte. O termo ‘suspensão’ tem um significado de espera: trata-se de um ato temporário”. Os tâmeis se lamentam da tentativa do governo de marginalizar a sua tarefa de reconstrução do país, de crescimento da economia, de gestão das áreas no Norte e no Leste do Sri Lanka, na maioria tamis (que desejam tornar às suas casas no Norte) e no desarmamento dos guerrilheiros que, afirma o LTTE, não pode ser unilateral.
Dom Gomis observa que, apesar do intervalo nas negociações, a economia está em crescimento, e o clima político no país está melhorando: “Em nível político restam alguns problemas entre os partidos, mas o importante é a reconstrução da confiança entre as partes. E entre a população, todos compreendem que a paz é a única via para o bem e para o desenvolvimento do país.
Os Bispos do Sri Lanka difundiram recentemente uma mensagem segundo a qual pedem ao governo e aos tâmeis que repreendam, o mais rápido possível, o processo de paz. O apelo, assinado por Dom Gomis, afirma: “A cessação dos colóquios criam preocupação em todos os cidadãos do Sri Lanka que amam a paz. Esperamos que as partes envolvidas façam todo tipo de esforço verso o diálogo”. Os Bispos chamam os católicos a “rezar incessantemente para a retomada das negociações de paz e para o respectivo sucesso, para que no país reine a harmonia entre as comunidades”, recordando que “o Santo Padre ressaltou a urgente necessidade de trabalhar pela paz, para criar relações entre os povos fundamentadas na justiça e na solidariedade”. O documento afirma que todos os cidadãos devem tomar uma posição ativa no sustento da paz, para recordar “a todos os líderes políticos que não se pode voltar atrás”.
Enquanto isso, a Igreja organiza em nível popular programas de reconciliação e educação para o diálogo, dirigido essencialmente aos jovens e às crianças. Padre Francis Jayakody, responsável pela Comissão para o Desenvolvimento Social da Arquidiocese de Colombo, fala à Agência Fides: “Trabalhamos para reforçar a unidade e a confiança entre o Norte e o Sul, com a contribuição das escolas, das paróquias e dioceses. A resposta do povo é boa, como se pôde ver na recente festa do Vesakh; sobretudo entre os jovens e as crianças é mais fácil construir a fraternidade: são eles o futuro do país; a eles confiamos uma nova estação de paz para o Sri Lanka. O processo de paz é possível hoje porque é um desejo comum de toda a população, provada por vinte anos de guerra. A nós corresponde a tarefa de costurar os pontos, e a religião pode ser um elemento de união que favorece e desenvolve o diálogo e o respeito recíproco”.
Segundo o Padre Francis, “a Igreja católica em particular, estando junto aos dois povos (cingaleses e tâmeis), pode desempenhar uma tarefa importante para sanar as feridas e construir novas relações. Estou otimista, pois vejo que entre as pessoas torna um clima de serenidade”.
A guerra civil iniciou-se em 1983 e fez mais de 65 mil vítimas e mais de um milhão de refugiados. Em fevereiro de 2002 foi assinado um cessar fogo e foram inauguradas mesas de negociações, com a mediação da Noruega.(P.A.) (Agência Fides 06/05/2003 – linhas: 48; palavras: 643).


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