AFRICA/ANGOLA - O retorno dos “garimpeiros”, caçadores de diamantes clandestinos no nordeste de Angola

Sábado, 12 Junho 2004

Luanda (Agência Fides) - Em abril passado, o exército angolano lançou a operação “brilhante”, para expulsar as centenas de milhares de imigrantes clandestinos, em grande parte congolenses, que caçavam e traficavam diamantes. Durante a operação, várias ONGs denunciaram abusos dos direitos humanos dos expulsos, por parte dos militares angolanos, principalmente na passagem da fronteira.
Em 5 de maio, o governo angolano decidiu suspender por 45 dias a operação. Falta, portanto, somente uma semana para o reinício das expulsões. O que aconteceu, nesse meio tempo, em Lunda Norte? Declarações recolhidas nos três municípios ‘diamantíferos’ de Lunda Norte (Cuango, Xamuteba, Capenda) indicam que nas últimas duas semanas, teria aumentado o fluxo das chegadas clandestinas, em maioria congoleses da vizinha RDC.
Muitos congolenses não atravessaram a fronteira, como se acreditava, mas estavam escondidos em áreas remotas de Lunda Norte, e pouco a pouco, retornaram a suas áreas de extração artesanal. As aldeias históricas de garimpeiros estrangeiros, Muxinda e Xamikelengue, no município de Capenda, se repovoaram e os preços subiram às estrelas.
Os "comptoir" de compra de diamantes recomeçaram a funcionar, nos bares e hotéis ouve-se música até tarde e as prostitutas não têm medo de se mostrar. Os mediadores senegalenses, maleses, guineenses e nigerianos retornaram em massa a Lunda Norte. Alguns haviam se escondido, outros foram protegidos por angolanos, outros passaram duas semanas ‘de férias’ em Luanda, e retornaram com suas potentes motocicletas, em todas as horas, indiferentes às mulheres e crianças que caminham pelas ruas.
“Existe um fenômeno muito inquietador, que merece ser aprofundado seriamente” - dizem as fontes de Fides - “registraram-se casos de congolenses que entram com declarações falsas de refugiados angolanos no Congo. Na prática, compram certificados de refugiado de verdadeiros refugiados angolanos ou daqueles que já retornaram a Angola”.
“Por que ninguém faz nada para deter esta invasão, que está sob os olhos de todos? Por que ninguém controla a Polícia de Fronteira e os agentes da Imigração sobre o repovoamento das áreas de garimpo?” - perguntam-se nossas fontes. (L.M.) (Agência Fides 12/6/2004)


Compartilhar: