Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Cidade do Vaticano (Agência Fides) – A Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a vida cristã (Cfr. LG, 11). Esta verdade foi apresentada com novo fulgor no recente Magistério do nosso Pontífice que convidou toda a Igreja a voltar o seu olhar na direção do mistério pascal de Cristo, renovado na Eucaristia.
A Eucaristia é um fluxo contínuo da vida trinitária no mundo. No projeto amoroso de Deus para salvar os homens, Ele está disposto a mandar o seu Filho até nós para que tenhamos a vida e a tenhamos em abundância (Cfr. Gv 10,10). Através do mistério pascal de Cristo foi realizada esta revelação do amor de Deus pelos homens. Jesus, o enviado do Pai, por sua vez, enviou os Apóstolos para manifestar ao mundo o que viu e ouviu.
A celebração diária da Eucaristia atualiza a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, tornando presente no nosso “hoje” todo o poder salvador do Filho, morto e ressuscitado. Por isso, a Eucaristia é o coração da Igreja. A Igreja vive da Eucaristia, nela encontra a fonte de seu dinamismo e, principalmente, a comunhão de vida com o Deus Trinitário. Da Eucaristia escorre para todos os membros do Corpo Místico a vida divina. Ela torna possível o nosso encontro pessoal com Cristo, permite-nos comer a sua Carne e beber o seu Sangue para que nós próprios tenhamos a vida.
Na homilia com a qual Bento XVI inaugurou o seu Pontificado, o Papa afirmou: “Não há nada mais belo do que ser alcançado, surpreendido pelo Evangelho, por Cristo. Não há nada mais belo do que conhecê-Lo e comunicar aos outros a amizade com Ele” (AAS (2005), 711). Quando se realiza um autêntico encontro pessoal com Cristo, não se pode guardar para si mesmo o entusiasmo desse momento. Basta pensar nos discípulos de Emaús, que ao reconhecerem o Senhor na fração do pão, perceberam que os seus corações ardiam e retornaram imediatamente a Jerusalém para compartilhar com os irmãos a alegria de terem estado com o Senhor.
Na Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, o Santo Padre Bento XVI afirma, falando de Eucaristia e Missão: “Com efeito, não podemos reservar para nós o amor que celebramos no Sacramento. Ele pede, por sua própria natureza, que seja comunicado a todos. Aquilo de que o mundo precisa é o amor de Deus, é encontrar Cristo e acreditar n’Ele. Por isso, a Eucaristia não é somente fonte e ápice da vida da Igreja; é também da sua missão: «Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária»” (SC, 84).
A Eucaristia dá impulso à missão e, por sua vez, a missão deve encontrar a sua fonte na Eucaristia. Participar da vida divina e testemunhar o amor de Deus por cada homem representa o centro da missão. Fazer conhecer o amor de Cristo e a essência nova de filhos por meio do batismo é uma exigência indispensável.
Em Cristo-Eucaristia, Deus fez-se semelhante a nós, fez-se nosso companheiro de caminho. Cada missionário deve aprender, na escola silenciosa da adoração eucarística, a dar a própria vida, como Jesus, para aqueles que Ele próprio lhes confiou.
Ainda na Exortação Sacramentum caritatis, Papa Bento XVI disse: “Na Última Ceia, Jesus confia aos seus discípulos o Sacramento, que atualiza o sacrifício que Ele, em obediência ao Pai, fez de Si mesmo para a salvação de todos nós. Não podemos nos aproximar da Mesa eucarística sem nos deixar levar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa alcançar todos os homens. Portanto, é parte integrante da forma eucarística da existência cristã a intenção missionária” (SC, 84)..
Não pode haver missão sem Eucaristia, não podem ser missionários sem vida eucarística. Somente na contemplação e na intensa participação no Mistério Eucarístico é possível se fazer presença viva de Cristo diante dos irmãos.
(Agência Fides 28/5/2008)
