ÁFRICA/COSTA DO MARFIM - “COSA NOSTRA E MÁFIA OS NOMES DE GUERRA DOS JOVENS” ... NA DECLARAÇÃO DE UM MISSIONÁRIO QUE CRITICA TAMBÉM O COMPORTAMENTO DA FRANÇA NESTA TRAGÉDIA

Quarta, 21 Maio 2003

Abidjan (Agência Fides) – “ A verdadeira paz ainda não chegou” disse um missionário contatado pela Agência Fides na Costa do Marfim, desde Setembro passado envolvida em uma feroz guerra civil. “Não obstante a formação do governo de unidade nacional com a participação de representantes de todos os partidos e dos movimentos rebeldes, não se consegue sair da espiral da violência” continua o missionário, “Não apenas não foi resolvido o problema da nomeação dos ministros da Defesa e da Segurança, mas todos, governantes e rebeldes, continuam a pregar o ódio ao invés de procurar as vias da paz”.
Começam a aparecer divisões no campo dos rebeldes: “O principal grupo de guerrilha da Costa do Marfim, o Movimento Patriótico da Costa do Marfim, está dividido”, afirma a fonte da Agência Fides: “de um lado está o comandante Koonaté e do outro, os outros chefes que procuram matá-lo. Nas regiões controladas pela MPC há disparos contínuos entre as duas facções. A presença de mercenários da libéria tanto do lado dos guerrilheiros como do governo reforça a confusão, já que freqüentemente estes soldados são indisciplinados e pensam apenas em saquear a população civil”.
Sobre as responsabilidades internacionais, o missionário disse: “Certo, a França tem responsabilidades pelo que está acontecendo aqui. O presidente Gbagbo era um protegido do socialista Jospin. Quando estes perderam as eleições presidenciais, caíram as proteções francesas nos conflitos do presidente da Costa do Marfim com os investidores asiáticos e estourou a guerra civil. Gbagbo também havia aberto a Costa do Marfim aos investimentos asiáticos (China, Índia), danificando os interesses das indústrias francesas no país e criando assim outros motivos de atrito com Paris”.
O missionário acrescenta: “A Costa do Marfim está perdendo uma geração inteira de jovens nesta guerra absurda. É triste ver estes rapazes tornarem-se presas da cultura da violência. Tal se vê também nos nomes com os quais se apelidaram vários grupos de combates: Cosa Nostra, Cobra, Máfia. Parece que vão atrás dos mitos de um certo cinema ocidental”. (L.M) (Agência Fides 21/5/2003 – linhas: 31; palavras: 360)


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