ÁFRICA/KENYA - Morre Pe. D’Agostino, médico jesuíta fundador do centro “Nyumbani” para órfãos doentes de Aids

Terça, 21 Novembro 2006

Nairóbi (Agência Fides) - Morreu ontem, 20 de novembro, em Nairóbi, capital do Quênia, Pe. Ângelo D’Agostino, jesuíta e médico de origem norte-americana, que há anos se dedicava aos doentes de Aids.
Em 1992, Pe. D’Agostino fundou a Casa para crianças Nyumbani, em Nairóbi, que oferece apoio e assistência de saúde a órfãos atingidos pela Aids. Sua atividade teve início com três crianças, mas o volume de trabalho cresceu geometricamente. Hoje, os hóspedes são mais de 2 mil, e Nyumbani é o maior orfanato para crianças soropositivas de toda a África oriental.
Nos últimos anos, Pe. D’Agostino se dedicou à criação de uma aldeia para crianças soropositivas em Kituy, cerca de 200 km a leste de Nairóbi.
O empenho do fundador e diretor médico de Nyumbani em favor das pessoas com Hiv e Aids se manifestava também falando com força em seu nome. Com base nos significativos resultados alcançados pelo centro em sua rica história, Pe. D’Agostino buscava constantemente chamar a atenção para os direitos das crianças soropositivas. Há tempos, engajava-se em uma dura batalha contra o que chamava de “crime contra a humanidade na África”, ou seja, na não-disponibilidade de medicamentos anti-retrovirais para os doentes de Aids africanos. Lançou vários apelos aos Países desenvolvidos para denunciar a “maldade humana” das empresas farmacêuticas multinacionais “que se recusam em produzir medicamentos que podem ser vendidos na África”, e criam, assim, condições para a morte de tanta gente.
Em 2001, o sacerdote se disse cansado de esperar que as empresas respeitassem a promessa de reduzir os preços dos tratamentos, que poderiam ter melhorado a vida dos 70 hóspedes de então, em seu centro. O projeto podia atender as necessidades de 12 crianças. O jesuíta decidiu então importar anti-retrovirais genéricos da Índia e recebeu uma doação de Azt do governo brasileiro. “Decidimos continuar - afirmou Pe. D’Agostino - estou cansado de funerais”.
Nascido nos EUA em 1925, Padre D’Agostino estudou medicina, e especializou-se em cirurgia e psiquiatria. Como jesuíta, foi enviado ao Quênia cerca de 25 anos atrás, como missionário, e antes de fundar Nyumbani, trabalhou com o Serviço Jesuíta pra Refugiados. (L.M.) (Agência Fides 21/11/2006)


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