ÁFRICA/TANZÂNIA - “Mais de 100 refugiados burundineses chegam por dia à Tanzânia”. Alarme do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Dar es Salaam (Agência Fides)- Nas últimas semanas, um número crescente de burundineses atravessou a fronteira para buscar refúgio na vizinha Tanzânia. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) expressou grave preocupação por suas condições de vida nos centros temporários em que vivem na Tanzânia. Atualmente, as pessoas que pedem asilo nos três centros de trânsito no distrito de Kibondo, na Tanzânia norte-ocidental, são mais de 4 mil.
Desde o início do ano, cerca de 3.500 burundineses atravessaram a fronteira e a cifra continua a crescer com uma média de cerca de 100 novas pessoas por dia. Somente no dia de ontem, foram registradas mais de 500 pessoas nos centros perto da fronteira. Essas estruturas foram pensadas para hospedar somente por um breve período aqueles que acabam de atravessar a fronteira.
O ACNUR e as agências com as quais colabora fizeram o que podiam para melhorar a situação dos centros, potenciando o fornecimento de água, escavando canais de esgoto perto dos banheiros e nos pontos de coleta de água, criando novas descargas e novas cozinhas. Apesar disso, os riscos para a saúde permanecem muito elevados por causa da presença de assim tantas pessoas em estruturas criadas para capacidade muito reduzida. O ACNUR negociou com as autoridades tanzanianas a possibilidade de transferir para longe da fronteira, em campos já existentes, aqueles que receberam o direito ao asilo.
A maior parte dos novos refugiados provém da província de Ruyigi, em Burundi oriental, e aponta escassez de alimento e crescente insegurança como principais razões de sua fuga. Entre os novos refugiados, verificam-se evidentes casos de subnutrição.
Preocupa ainda o fato que muitos dos novos refugiados retornaram há pouco a Burundi, depois de viverem por anos como refugiados na Tanzânia. No país, o ACNUR assiste cerca de 350 mil refugiados, dos quais 195 mil provenientes de Burundi. Desde 2002, a Agência desempenha uma operação de repatriação voluntária para os refugiados burundineses, através da qual assistiu mais de 290 mil pessoas, que escolheram voltar ao próprio país. Nos meses passados, todavia, o número de pessoas que escolhe repatriar alcançou os níveis mais baixos desde o início da operação. (L.M.) (Agência Fides 17/2/2006)