ÁSIA/TERRA SANTA - Exército israelense inicia a demolição dos povoados beduínos. Em risco também a “Escola de Borracha”

Quarta, 22 Fevereiro 2017 escola   infância   discriminação  

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Jerusalém (Agência Fides) - Os tratores do Exército israelense entraram em ação para realizar a demolição anunciada de povoados beduínos situados nos territórios da Cisjordânia ocupada, no leste de Jerusalém, numa área considerada estratégica para a criação e expansão de novos assentamentos de colonos. A primeira moradia beduína foi demolida no povoado de Tabana, na segunda-feira, 20 de fevereiro. O plano em andamento prevê a mudança forçada dos beduínos dos povoados de Khan Al Ahmer, de Abu Hindi e Abu Nawar, este último muito próximo ao assentamento israelense de Ma’ale Adumim.
Irmã Azezet e irmã Inês, religiosas combonianas envolvidas também na animação de 8 pequenas creches da área, contam à Agência Fides os sentimentos de ansiedade, medo e frustração verificados entre os beduínos afetados pelo plano de demolição e mudança forçada, começando pelas crianças. No povoado de Khan Al Ahmer, com 42 barracas, cuja demolição efetiva foi anunciada para quinta-feira, 23 de fevereiro, surge também a famosa “Escola de Borracha”, frequentada por 178 crianças da tribo beduína de Jahalin, que poderá logo ser demolida pelos tratores. “Quem destrói escolas destrói o futuro”, observam os professores da escola.
A Escola de Borracha é uma estrutura realizada com 2.200 pneus velhos apoiados um sobre o outro, como se fossem tijolos, cheios de terra e prensados. Os colonos pedem para abater uma escola definida ‘ilegal’ porque foi criada sem a permissão das autoridades de ocupação militar, não obstante a escola não possua elementos arquitetônicos “permanentes”, levantada sem cimento e fundamento, para não violar os regulamentos militares que proíbem a construção não autorizada de edifícios na área C, que cobre a 60% da Cisjordânia, sob controle israelense.
Sobre a Escola de Borracha pesa uma sentença de demolição desde a sua construção, ocorrida em 2009. Nos últimos anos, a demolição efetiva da estrutura foi solicitada pelos colonos que vivem na área. Em 2014, os juízes israelenses pediram às partes para encontrar um acordo, reconhecendo a utilidade social da escola.
A remoção da escola facilitaria a expansão da colônia de Kfar Adumim. Toda a área, no assim chamado corredor E1, está envolvido no projeto que mira estender até a colônia judaica de Ma'ale Adumim o muro de separação, construído em grande parte nos territórios palestinos. Já em 2014, o exército israelense realizou uma intervenção junto à escola para sequestrar alguns instrumentos de jogo para as crianças, doadas com a cooperação italiana.
“Nesta situação de grande incerteza”, referem as Irmãs combonianas, “também nós experimentamos frustração diante de tanta injustiça e violação dos direitos humanos, além da incapacidade de encontrar palavras de conforto e consolo. Pedimos oração e justiça para esses nossos irmãos e irmãs, e para que o Senhor da misericórdia intervenha em seu favor”. (GV) (Agência Fides 22/2/2017).


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