ÁSIA/FILIPINAS - Um missionário ao presidente Duterte: "A violência também é uma droga"

Segunda, 17 Outubro 2016 direitos humanos   violência   política   justiça   droga  

U.N.

Manila (Agência Fides) – Diante da campanha de justiça sumária e de execuções extrajudiciais contra traficantes e comerciantes de droga, que há meses toma conta das Filipinas, e que fez cerca de 3500 vítimas, deve-se dizer com clareza que "matar também pode ser tornar uma droga". "Matar pessoas doentes pode parecer fácil, os assassinos podem se sentir onipotentes, mas podem sentir também um profundo sentimento de culpa, muitas vezes inconsciente, que pode causar distúrbios da personalidade, levando a várias formas de violência, inclusive o alcoolismo e a própria toxicodependência. Os assassinos são perigosos para suas próprias famílias". É o que afirma o padre Peter Geremia, missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores, religioso que atua nas Filipinas ao lado dos pobres, autóctones e marginalizados na ilha de Mindanao.
Numa carta aberta dirigida ao presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, enviada à Agência Fides, pe. Geremia observa: "O presidente Duterte lançou uma vasta guerra contra a droga. A polícia afirma agora que quem não se render poderá ser morto e os justiceiros estão sedentos de sangue. Mas a guerra à droga deve estar atenta aos homicídios, especialmente aos dos justiceiros ou também da polícia que se comporta como justiceira. Podem se tornar também eles dependentes da violência”.
"O presidente Duterte – prossegue – nos desafia a nos reerguer da nossa acomodação. Gostaria que o nosso presidente, porém, levasse avante a guerra à droga evitando a ‘droga dos homicídios’. Gostaria que fosse capaz de convencer mais pessoas a apoiar uma luta limpa, não uma guerra suja contra as drogas e a corrupção".
O texto se conclui com um apelo à nação: "Muitos toxicômanos tomaram a decisão de se libertar da dependência da droga. Precisam de reabilitação, o que é um problema de saúde: o governo, as Igrejas e a sociedade civil são capazes de colocar em prática o mesmo esforço global para a reabilitação que colocaram para a guerra às drogas?"
O missionário faz votos de que a nação filipina possa "libertar-se da escravidão da droga e da corrupção", evitando se tornar porém "dependente da droga da violência". (PA) (Agência Fides 17/10/2016)


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