ÁSIA/SÍRIA - Armas dos EUA para as “milícias cristãs”? Arcebispo Hindo: talvez os mercantes de armas devem esvaziar os depósitos

Sexta, 20 Maio 2016 sectarismos  

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Hassaké (Agência Fides) - A ideia de financiar com recursos dos Estados Unidos o fornecimento de armas para as “milícias cristãs” que se movem no cenário perturbado dos conflitos em andamento na Síria e no Iraque “é uma loucura, talvez inspirada por algum traficante de armas que ainda não tenha esvaziado seus depósitos”. Assim, o arcebispo sírio-católico, Jacques Behnan Hindo, na condução da Eparquia de Hassaké-Nisibis, comentou as notícias sobre o projeto de lei apresentado ao Congresso dos Estados Unidos para autorizar o financiamento de armas pesadas e leves a grupos armados que procuram identificar-se como “braço armado” das comunidades cristãs locais (veja Fides 19/05/2016).
O projeto de lei foi apresentado em alguns meios de comunicação dos EUA como uma recaída prática da declaração com a qual o Congresso dos EUA foi conduzido a definir como “Genocídio” a violência sofrida pelos cristãos por parte dos jihadistas militantes do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh). “Desde o primeiro momento”, refere à Agência Fides o Arcebispo Hindo, “eu pensei que a campanha para aplicar ao sofrimento dos cristãos a categoria de 'genocídio' fosse uma operação geopolítica que visava interesses concretos. Segundo os procedimentos dos EUA, chamando em causa a categoria de Genocídio se torna mais fácil autorizar operações militares ou de outro tipo, mais ou menos transparentes”.
Segundo o Arcebispo Hindo, “na situação em que nos encontramos, no Iraque e na Síria, cada indivíduo, mesmo um cristão, é chamado a fazer suas próprias escolhas de acordo com sua consciência. Mas se um cristão quer participar no combate ao Daesh, pode fazê-lo se alistando nos exércitos regulares. A opção de criar outras milícias sectárias que pretendem se apresentar como 'cristãs' é contra o Evangelho, e é também uma escolha tática suicida”. O Arcebispo sírio recorda a tal propósito, uma história que o envolveu em primeira pessoa: “Quando o conflito na Síria atingiu nossa região, o governo tinha oferecido 700 fuzis Kalashnikov a ser distribuído entre os cristãos de Hassaké, e mil para aqueles de Qamishli e eu recusei. Somos contra a violência, venha de onde vier. Como pastores, devemos apoiar os nossos povos caminhando na estrada do Evangelho, seja qual for a situação em que nos encontramos. Além disso, com certas escolhas irresponsáveis corremos o risco de expor todos os cristãos a retaliações e alvos de violência”. (GV) (Agência Fides 20/5/2016).


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