ÁSIA/IRAQUE - Refugiados cristãos obrigados a assinar um documento de apoio à independência do Curdistão iraquiano

Sexta, 13 Maio 2016 política  

thekurdishproject.org

Arbil (Agência Fides) – Um discreto número de refugiados cristãos assírios, caldeus e sírios, abrigados na cidade de Dohuk depois que suas aldeias foram conquistadas por jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), foram obrigados, nos últimos dias, a assinar uma petição em favor da proclamação de um Estado curdo independente do Curdistão iraquiano. É o que informam fontes locais, consultadas pela Agência Fides. O site ankawa.com. publica também um fac-símile do módulo de coleta de assinaturas, com espaços para registrar um documento de identidade e o celular.
A petição, dirigida ao governo da região autônoma do Curdistão iraquiano, é articulada em quatro pontos: além de afirmar o apoio às milícias curdas Peshmerga e a Masud Barzani, Presidente da região autônoma do Curdistão, pede aos curdos que acelerem a libertação de Mossul das forças jihadistas e prefigura a transformação da Província de Nínive (com Mossul capital) em região autônoma no âmbito do Curdistão iraquiano, transformado efetivamente em um Estado curdo independente.
A notícia da petição assinada pelos cristãos deslocados de Dohuk provocou reações alarmantes entre os representantes de siglas políticas apoiadas por militantes caldeus, sírios e assírios. O político cristão Imad Youkhana, membro do Assyrian Democratic Movement (Zowaa) e membro do Parlamento iraquiano, pediu às autoridades da região autônoma do Curdistão iraquiano para abrir uma "investigação urgente" a fim de esclarecer quem inspirou ou organizou a coleta de assinaturas, salientando que as exigências da petição, no momento grave vivido na região, contribui para aumentar a divisão e minar a coexistência pacífica entre as diferentes componentes da nação iraquiana.
Enquanto Mosul e boa parte da Planície de Nínive permanecem sob o controle dos jihadistas de Daesh, a história da petição assinada também pelos cristãos deslocados em Dohik faz entrever interesses e projetos políticos que poderiam apontar para uma fragmentação do território nacional iraquiano, se e quando a região de Mosul for tirada das mãos dos milicianos do Califado islâmico. (GV) (Agência Fides 13/5/2016).


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