Outubro 2005: “Que os cristãos se animem a responder aos desafios da sociedade secularizada, dando testemunho de plena confiança, fé e esperança”. Comentário de Dom Robert Sarah, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos, à intenção missionária proposta pelo Santo Padre

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Incorporados a Cristo através do Batismo, os fiéis cristãos se tornam filhos de Deus e membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja. São também diretamente envolvidos no mandato missionário que a Igreja recebeu de seu Senhor: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Tendo recebido a força do Espírito Santo e agindo sob seu impulso, são chamados a ser testemunhos de Cristo em suas famílias, bairros, paróquias, em suas aldeias e até os confins da terra (cfr. At 1,8). O Batismo os configura a Cristo e lhes permite participar de sua missão evangelizadora, que é a própria missão da Igreja. Esta missão consiste fundamentalmente em professar, diante dos homens, a fé que através da Igreja receberam de Deus, e em participar pessoalmente da atividade apostólica e missionária do povo de Deus. (cfr. CCC 1270).
A participação na atividade missionária da Igreja se realiza, antes de tudo, através de meios espirituais, em especial a oração, os sacrifícios, o esforço cotidiano para conduzir uma vida digna do Evangelho de Cristo (cfr. Fil 1,27) e a orientação de nossa vida à santidade. Todavia, é oportuno acrescentar a estes meios espirituais um real e concreto apoio espiritual, pois, imersa na realidade, a Igreja também precisa de meios materiais para realizar adequadamente sua missão. Portanto, é fundamental destacar, neste contexto, a importância das Pontifícias Obras Missionárias, que, através da coleta de subsídios em prol das missões, permitem à Igreja enfrentar as necessidades materiais e econômicas inerentes à sua missão evangelizadora, principalmente em países de Igrejas jovens da África, Ásia, Oceania e América Latina, muitas vezes marcadas pela pobreza material e pela instabilidade política.
A contribuição econômica com a obra missionária é, assim, parte integrante do dever de testemunho de todo cristão, em virtude de seu empenho batismal. Seguindo o exemplo dos primeiros cristãos, que, movidos pela fé no Ressuscitado e conscientes de serem membros de um mesmo Corpo, venderam suas terras e seus bens e dividiram o arrecadado entre todos, segundo as necessidades de cada um (cfr. At 2,42), os cristãos de hoje são convidados a ter o mesmo ímpeto de coração e a mesma generosidade para doar à Igreja, com sua pobreza e indigência, aquilo que precisam para atender à sua vocação missionária.
Para que neste mês do Rosário, e na conclusão do Ano da Eucaristia, possamos ter a mesma fé, o mesmo amor e a mesma disponibilidade da Virgem Maria para acolher o Verbo da Vida e partilhá-lo com todos os irmãos e irmãs que buscam a salvação que vem de Deus. (+ Robert Sarah) (Agência Fides 20/9/2005)