VATICANO - “O Palácio de Propaganda Fide”: apresentado hoje um volume sobre o histórico edifício sede da Congregação para a Evangelização dos Povos

Terça, 21 Junho 2005

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Será apresentado hoje, 21 de junho, às 17 hs., no edifício de Propaganda Fide, o volume de Giovanni Antonazzi intitulado “O Palácio de Propaganda Fide”. No encontro, falarão o Card. Crescenzio Sepe, Prefeito da Congregação para os Povos; o Ministro dos Bens Culturais, Rocco Buttiglione; o Diretor dos Museus do Vaticano, Dr. Francesco Buranelli; o Dr. Stefano De Luca, Editor. Estará presente também Dom Mauro Piacenza, Presidente da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, e o Autor do livro, Mons. Giovanni Antonazzi.
Dentre os edifícios monumentais de Roma, o Palácio de Propaganda é um dos mais célebres e importantes, por seu valor artístico - projetado por Bernini, com o gênio inovador de Borromini — e porque é sede, desde o século XVII, da Congregação da Propaganda Fide. O Autor, que por anos desempenhou sua atividade nesta sede, reconstruiu detalhadamente a história do edifício desde a sua construção, que durou mais de vinte anos, até os sucessivos eventos, ligados à própria instituição. A reconstrução histórica foi realizada com extremo rigor, com base nos documentos do Arquivo da Propaganda. Através de sua análise, foi possível seguir a trajetória histórica das reformas no edifício de Gian Lorenzo Bernini, e, em seguida, de Francesco Borromini, e dispor com exatidão as circunstâncias que determinaram a realização do Palácio. De um exame e interpretação os estudiosos encontraram explicações sobre as soluções arquitetônicas encontradas. O volume é enriquecido com desenhos de Borromini relativos ao Palácio, conservados na Biblioteca Albertina de Viena, e gentilmente cedidos para a publicação.
O Autor do livro, Mons. Giovanni Antonazzi, laureado em filosofia e direito canônico, após desempenhar vários cargos no Pontifício Seminário Regional em Viterbo, e em Roma, no Colégio Urbano, foi Secretário administrativo da então “Sacra Congregação de Propaganda Fide”. No campo das pesquisas históricas, publicou várias obras importantes e colaborou também com o "Osservatore Romano", publicando numerosos artigos, recolhidos em três volumes. (S.L.) (Agência Fides 21/6/2005)

APRESENTAÇÃO do livro, pelo Card. Crescenzio Sepe, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos

É um prazer convidar à leitura do volume II Palácio de Propaganda, preparado com elegância e refinado sentido histórico por Mons. Giovanni Antonazzi, Secretário Administrativo Emérito da Sacra Congregação de Propaganda Fide. O edifício hospedou, a partir de 1626, o Dicastério da Santa Sé, que Papa Gregório XV [Alessandro Ludovisi, 1621-1623] instituiu em 1622, para coordenar, unificando-as e reunindo-as, as inúmeras iniciativas missionárias promovidas no mundo a Igreja universal.
As multidões de romanos e estrangeiros que cotidianamente ladeiam os muros perimetrais do Palácio Pontifício, para ir à Praça de Espanha, ou para visitar a Capela dos Reis Magos, situada no interno do fabricado, não podem não questionar-se sobre a história e o destino do artístico edifício. Ainda hoje, o Palácio de Propaganda, cuja reconstrução foi ordenada por Papa Urbano VIII [Maffeo Barberini, 1623-1644] em 1625 ao arquiteto e escultor napolitano Gian Lorenzo Bernini, e completada pelo artista ticinês Francesco Borromini [1646-1662], permanece símbolo e centro da atividade missionária Ad Gentes.
Assim como as antigas "Vias Consolares" partiam de Roma, caput mundi, para alcançar as regiões mais distantes do Império, partem idealmente de Propaganda Fide, "caminho da missão", os arautos do Evangelho, para chegar a todas as partes do mundo não-evangelizado, e retornam, para comunicar a fecundidade da obra missionária, fiel ao último e firme mandamento de Jesus: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura» [Mc 16,15], há 2000 anos, a Igreja Católica faz do anúncio do Evangelho o seu dever fundamental. Ela vai a todos os lugares, rica de seu Senhor e pobre de instrumentos humanos, fiel ao dito evangélico «Não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas» [Lc 9,3]. Desta forma, ela oferece a mensagem da salvação, íntegro e inalterado, a toda a humanidade que tem o direito de receber, em sua totalidade, a Boa Nova levada pelo Filho de Deus.
Em continuidade com a missão realizada, no curso dos séculos, pelos Apóstolos e seus sucessores, a Igreja de hoje continua a oferecer o dom da Fé: «Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste» [Jo 7,3].
A Igreja, não levada por interesses particulares ou por razões de prestígio, vai ao mundo para tutelar o direito de todo indivíduo e de todo povo a gozar da Boa Nova. De fato, lê-se na Encíclica Redemptoris Missio: «A fé exige a livre adesão do homem, mas deve ser proposta, pois “as multidões têm o direito de conhecer a riqueza do mistério de Cristo, aonde acreditamos que a humanidade possa encontrar, de modo pleno, tudo o que procura sobre Deus, sobre o homem e seu destino, sobre a vida e sobre a morte, sobre a verdade. Por isso, a Igreja mantém sua força missionária, e quer intensificá-lo em nosso momento histórico” » [RM 8]
Qual a direção do futuro próximo da Igreja missionária? Transmitir a Palavra eterna. Ela, de fato, bate no coração do homem e o alcança em profundidade, cura as feridas antigas e recentes, ilumina as cavidades e espaços que ninguém quis arriscar, dá dignidade às pessoas humilhadas na dignidade e na condição.
Mas o Evangelho não toca somente a pessoa. Ele se faz ‘fermento’ também de culturas, enraizando-se nelas para fermentá-las. Ao homem de hoje, cético e temeroso de desvelar seus próprios espaços de liberdade, a Igreja apresenta Jesus Cristo e sua oferta de salvação.
Novos problemas e desafios surgem na alvorada do Terceiro Milênio, e novos horizontes se abrem à Igreja missionária, o Palácio de Propaganda Fide permanece ponto de encontros, local de projetos, central de trabalho, Casa comum de todos os missionários do mundo. Quem está aqui trabalha com o olhar voltado ao futuro, e movendo os passos no caminho do único Mestre, Cristo Jesus, que espera sempre logo depois da meta apenas alcançada.
Crescenzio Card. Sepe, Pref.


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