ÁFRICA/GUINÉ-BISSAU - Incerteza e preocupação na Guiné-Bissau depois das declarações do ex-Presidente Kumba Yala

Terça, 17 Maio 2005

Bissau (Agência Fides)- “É uma situação complicada do ponto de vista jurídico, mas a maior preocupação é em nível político”, afirma à Agência Fides o pe. Davide Sciocco, missionário do PIME, com grande experiência na Guiné-Bissau, onde aumentou a tensão depois das declarações do ex-Presidente Kumba Yala, que reivindicou ser ainda o Chefe de Estado e pediu o adiamento das eleições presidenciais de 19 de junho.
Kumba Yala foi deposto por um duro golpe de Estado em setembro de 2003. Depois de um período de prisão domiciliar, se reapresentou no cenário político da Guiné-Bissau. A Corte Constitucional emitiu uma sentença que permite ao ex-Chefe de Estado participar das próximas eleições presidenciais, que se realizarão em 19 de junho. “A sentença da Corte Constitucional deu legitimidade a Kumba Yala, que agora afirma ainda ser o Presidente do país”, afirma o pe. Sciocco. Depois de ter sido deposto, Kumba Yala foi proibido de participar da vida política.
“O verdadeiro problema é entender quem apóia Kumba Yala. Quais são as forças que o apóiam no exterior, que consenso tem entre os militares e a sociedade civil”, continua o missionário. “Até agora, a situação parece calma, mas é claro que as declarações de Kumba Yala suscitaram temor e incerteza sobre o futuro do país”, conclui o pe. Sciocco.
O Conselho superior de defesa, do qual fazem parte os altos oficiais das forças armadas, reiterou que não “permitirá atos de indisciplina e de anarquia”, reafirmando a neutralidade das forças armadas nos assuntos políticos do país. Em nível internacional, os representantes da Comunidade dos países de língua portuguesa (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Portugal, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste) anunciaram que não aceitarão que as eleições de 19 de junho sejam colocadas em discussão.
O dispositivo de segurança da capital, Bissau, foi reforçado com patrulhas militares, que vigiarão o palácio presidencial e outros pontos sensíveis da cidade. A situação, no entanto, é calma, mas há uma certa apreensão pela manifestação convocada por Kumba Yala nesta tarde nas ruas da capital.
Em 14 de setembro de 2003, um duro golpe de Estado depôs o Presidente Kumba Yala. Em 28 de setembro de 2003, tomou posso um governo provisório, cuja principal tarefa era preparar as eleições realizadas em 28 de março de 2004, vencidas pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné), o partido que garantiu a independência do país de Portugal. (L.M.) (Agência Fides 17/5/2005)


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