ÁFRICA/RD CONGO - A Igreja congolesa chora a morte do pe. René de Haes, morto durante um assalto

Segunda, 9 Maio 2005

Kinshasa (Agência Fides)- “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Cita o Evangelho de S. Lucas o pe. Bafuidinsoni Maloko-Mana, provincial dos Jesuítas, assim que soube da morte do pe. René de Haes, jesuíta belga assassinado na noite de 7 de maio, nos arredores de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Segundo a Agência congolese DIA, o religioso estava retornando ao Seminário filosófico jesuíta “S. Pedro Canisius”, do qual era o reitor, quando, por volta das 20h local, o seu carro foi obrigado a parar por bandidos armados que estavam saqueando um depósito situado na estrada.
Os bandidos dispararam contra o carro do religioso, que foi atingido por ao menos 5 tiros no peito. Os assaltantes pegaram a bolsa do religioso e fugiram. Ferido gravemente, o pe. de Haes foi transportado para uma clínica, onde morreu pouco depois de ser internado.
“Tudo nos indica que se trata de um ato criminal e não de uma ação política”, afirmou um porta-voz do Ministério do Exterior da Bélgica. De fato, o pe. René de Haes é a 12ª pessoa assassinada desde o início de 2005 na região de Kindele (onde está situado o Seminário filosófico dos Padres Jesuítas), no município de Mont Ngafula.
A morte do pe. de Haes suscitou profunda comoção. “A morte do pe. René de Haes nos interroga porque deixou a terra dos homens no dia da Ascensão, dia no qual o Senhor confiou uma missão aos seus homens e que o pe. de Haes nos confia, para que tornemos este país habitável e não deixemos que homens armados imponham a lei”, disse à Agência DIA, o pe. Léonard Santedi, decano da faculdade de teologia das Faculdades Católicas de Kinshasa. Dom Dominique Bulamatari, Bispo Auxiliar de Kinshasa, recordou o empenho do religioso e a sua capacidade de unir as culturas da Europa e da África.
O pe. René de Haes nasceu em 9 de setembro de 1933 em Heist-op-den-Berg, na Bélgica. Em 7 de setembro de 1952 entrou para a Companhia de Jesus. Depois do noviciado, frequentou cursos de filosofia e filologia clássica e indiana na Universidade católica de Lovanio. O primeiro contato com o Congo remonta ao ano de 1959, quando foi enviado a ensinar filosofia no colégio de Mbanza Boma. Voltando para seu país depois da independência do Congo, em 1960, o pe. de Haes freqüentou o segundo ciclo de filologia clássica e obteve o diploma em africanística.
Em 8 de agosto de 1964 foi ordenado sacerdote em Lovanio. Em 1968, depois de se formar em teologia no Instituto Católico de Paris, sobre a teologia de Karl Rahner, o pe. de Haes retornou ao Congo onde, por 10 anos, de 1968 a 1978, foi o responsável dos jesuítas africanos no seminário S. Pedro Canisius. De 1979 a 1986 foi superior da casa provincial. Superior da comunidade dos estudantes Pierre Favre de 1986 a 1995, o pe. de Haes foi, em seguida, encarregado de dirigir a casa de repouso Manresa de 1995 a 2000.
O jesuíta desempenhou também importantes funções acadêmicas. Desde 1975 foi professor ordinário na Faculdade de teologia católica de Kinshasa, e de 1986 a 1994 foi decano da faculdade de teologia. pe. de Haes foi diretor do departamento de teologia de 1994 a 1997 e secretário geral das Faculdades Católicas de Kinshasa de 1997 a 2000. No período acadêmico, pe. de Haes publicou diversos artigos em revistas locais, colaborando com empenho e paixão na formação do laicato. (L.M.) (Agência Fides 9/5/2005)


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