ÁFRICA/SUDÃO DO SUL – Violência e insegurança nos campos onde foram acolhidos os refugiados em fuga da guerra civil

Quinta, 9 Julho 2015

Juba (Agência Fides) - “Nos Estados de Unity e Alto Nilo a população suporta sofrimentos atrozes. Vimos a guerra no passado, mas a crueldade que experimentamos hoje não tem comparação. É como viver um pesadelo”, contam alguns refugiados sul-sudaneses, que por motivos de segurança preferem manter o anonimato, a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) durante a recente visita de uma delegação da fundação pontifícia na nação mais jovem do mundo.
Há quatro anos da independência, obtida em 9 de julho de 2011, depois de um referendum popular, o Sudão do Sul enfrenta um conflito étnico terrível entre as forças governamentais do Presidente Kiir, de etnia Dinka, e as aquelas fieis ao ex vice-presidente Machar, de etnia Nuer.
O confronto, que teve início em dezembro de 2013, obrigou mais de 2 milhões de cidadãos a abandonar suas casas. Segundo o Alto Comissariado da Onu para Refugiados, seria de fato mais de 850 mil os sul-sudaneses refugiados na Etiópia, Uganda, Sudão e Quênia e pelo menos um milhão e quinhentos mil os deslocados internos.
Conforme referido a AIS, por alguns dos 20 mil civis hospedados na base da Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS) de Malakal, a chegada nos campos não significa o fim de um pesadelo. Muitas mulheres refugiadas que se distanciaram para procurar comida para seus filhos foram estupradas e espancadas, e algumas delas nunca mais voltaram. É como ser priosioneiro em seu próprio país, único lugar no mundo onde uma pessoa deveria se sentir seguro|.
Mesmo dentro dos campos de refugiados a violência é frequente e recentemente dentro da missão de Malakal, um homem foi morto durante um tiroteio. “Homens armados subiram nas árvores e abriram fogo, tentando atingir uma área do campo onde havia muitos refugiados da etnia Shilluk”.
Não é melhor a sorte dos cerca de 90 mil refugiados sudaneses no Sudão. O governo de Omar al-Bashir não permite o acesso das Nações Unidas nos campos de refugiados, dentro dos quais não há nenhuma garantia de segurança. São vários os casos de estupros, roubos e ataques contra refugiados que não têm nenhuma autoridade à qual pedir justiça.
Outra dificuldade é a falta de registo dos refugiados. “O Sudão não reconhece a eles tal status – dizem fontes locais AIS - porque nunca tendo aceitado a separação do Sudão do Sul, continua a considerá-los como cidadãos que voltaram para casa. Obviamente, sem dar-lhes os direitos de que beneficiam todos os sudaneses”. A ausência de um registo regular dos refugiados obriga os sul-sudaneses a trabalhar ilegalmente por um salário insignificante, enquanto que o status de refugiado iria garantir a sua proteção jurídica e a possibilidade de obter uma autorização de trabalho. (L.M.) (Agência Fides 9/7/2015)


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