ÁFRICA/BURUNDI - Divisão no partido presidencial e no Exército sobre o terceiro mandato de Nkurunziza

Segunda, 6 Julho 2015

Bujumbura (Agência Fides) - O Burundi parece cada vez mais dividido, visto que aparecem divisões até mesmo dentro do partido presidencial CNDD-FDD. “O Presidente da Assembleia, Pie Ntavyohanyuma, e o vice-presidente, Gervais Rufyikiri, ambos do CNDD-FDD, se refugiaram no exterior e escreveram uma carta para a Comunidade do Leste Africano (EAC), na qual rejeitam a “hipótese de um terceiro mandato para o presidente Pierre Nkurunziza1”, dizem as fontes locais da Agência Fides, em Bujumbura, que pediram o anonimato por razões de segurança.
O EAC realizou uma reunião de cúpula sobre a crise no Burundi que, no entanto, foi abandonado por Nkurunziza.
“A situação é calma, mas se sente a tensão enquanto se aproxima a data das eleições presidenciais de 15 de julho”, continuam as nossas fontes.
As eleições locais e legislativas de 29 de junho, boicotadas pela oposição (veja Fides 26/6/2015 e 1/7/2015) foram declaradas pela ONU marcadas por ameaças e violências. “A milícia ligada ao partido no poder intimou os eleitores para que fossem votar não obstante os apelos da oposição para boicotar o voto”, confirmam as nossas fontes. “No entanto, muitos eleitores não votaram e vários dos que votaram no segredo da urna votaram contra o partido no poder”. Dentre as pessoas ameaçadas de morte e obrigadas a fugir do país há também quatro sacerdotes católicos.
“As divisões também envolvem o Exército e a Polícia. Os militares contrários ao terceiro mandato do Presidente em fim de mandato são 80% enquanto entre os policiais esse percentual cai para 60%. Infelizmente, parece haver uma vontade de resolver a crise por meio da violência, como ameaçando os ex golpistas (protagonistas do fracassado golpe de maio, veja Fides 15/05/2015), que anunciaram que se Nkurunziza não for embora voluntariamente, eles vão o expulsarão pelas mãos dos militares”, concluem as fontes. (L.M.) (Agência Fides 6/7/2015)


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