AMÉRICA/GUATEMALA – Não podemos deixar que caia no esquecimento a figura de Dom Juan Gerardi, que combateu por uma Guatemala diferente

Segunda, 27 Abril 2015

Cidade da Guatemala (Agência Fides) – “É muito importante recordar Dom Gerardi e seguir o seu exemplo”, disse Nohemi Bac, 25 anos, originário do departamento indígena de Alta Verapaz, no decorrer de uma celebração que se realizou ontem na Catedral metropolitana, no centro da capital guatemalteca, para recordar a morte violenta de Dom Gerardi. A nota enviada a Fides por uma fonte local informa que centenas de fiéis católicos e ativistas dos Direitos Humanos comemoraram no domingo, 26 de abril, os 17 anos do homicídio do Bispo Auxiliar de Cidade da Guatemala, Juan Gerardi Conedera, morto dois dias depois de denunciar as atrocidades cometidas contra a população durante a guerra civil.
Dom Gerardi, responsável pelo Departamento dos Direitos Humanos do Arcebispado, promoveu um projeto de “recuperação da memória histórica” (REMHI-Recuperación de la Memoria Histórica en Guatemala), reunindo testemunhos e documentação para chegar à verdade sobre os crimes cometidos durante a guerra civil, que durou 36 anos e matou cerca de 250 mil guatemaltecos, dos quais 45.000 desaparecidos. Segundo o relatório, 90% dos crimes foi cometido pelas forças militares ou de outro gênero (as patrulhas civis financiadas pelo Estado ou os “esquadrões da morte”). A estes foram atribuídos a maior parte dos crimes (massacres, torturas, estupros, desaparecimentos e mutilações) cometidos de 1960 a 1996, onde nove vítimas a cada dez eram civis desarmados ou indígenas (veja Fides 26/04/2012).
Durante a celebração em memória de Dom Gerardi, um grupo de crianças e jovens levou diante do altar principal da Catedral os volumes do relatório, flores e pequenas cruzes de madeira com as fotografias do Bispo. “Não podemos deixar no esquecimento a figura de Dom Juan Gerardi, não obstante tantos anos tenham se passado, (...) figura e exemplo de quem combateu por uma Guatemala diferente", disse durante o rito o Arcebispo Metropolitano Dom Oscar Vian. De acordo com um relatório das Nações Unidas, a Guatemala viveu uma guerra civil que durou 36 anos e deixou 200.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos. (CE) (Agência Fides, 27/04/2015)


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