ÁFRICA/EGITO - Bispo copta Antonios Aziz Mina sobre os cristãos etíopes massacrados: nos mártires brilha a vitória de Cristo

Segunda, 20 Abril 2015

Cairo (Agência Fides) - Os Patriarcas e os Bispos católicos do Egito, reunidos no Cairo para a assembleia periódica realizada duas vezes por ano, dedicarão parte de sua reflexão pastoral aos novos massacres de cristãos etíopes perpetrados pelos jihadistas do Estado islâmico e documentados por eles em filmes produzidos com escasso profissionalismo para serem distribuídos on-line como instrumentos de sua propaganda delirante.
No novo vídeo produzido por Furqan Mídia – inserido como rede midiática do Estado Islâmico (Is) – se veem dois grupos distintos de prisioneiros apresentados como cristãos etíopes que são massacrados por decapitação e com um tiro na nuca num lugar deserto e numa praia líbia. O vídeo, acompanhado por slogans habituais contra a “nação da cruz” e junto com imagens da destruição de igrejas, ícones e túmulos cristãos, repete, dirigido aos cristãos, que para eles não haverá salvação se não se converterem ao Islã ou não aceitarem de pagar a “taxa de proteção”.
No vídeo - particularmente eloquente - as vítimas são apresentadas como pertencente à “hostil Igreja etíope”. Atualmente faltam verificações e confirmações independentes sobre a identidade das vítimas. Segundo fontes do governo e da Igreja ortodoxa etíope, é provável que se trate de imigrantes etíopes pobres pertencentes às multidões de homens e mulheres que tentam chegar à Europa atravessando a Líbia para depois se embarcar em barcos operados pela rede criminosa de contrabandistas.
“O Patriarca da Igreja ortodoxa etíope, Mathias I”, refere à Agência Fides Antonios Aziz Mina, Bispo copta católico de Guizeh, “tinha programado ir ao Egito e partir com o patriarca copta Tawadros II para participar em Yerevan da comemoração do genocídio armênio. Agora, no último minuto, teve de cancelar a visita. Ele pediu desculpas e disse que vai permanecer na Etiópia. As histórias do martírio do passado se cruzam com as histórias dos mártires de hoje.”
A Igreja ortodoxa etíope foi jurisdicionalmente vinculada ao Patriarcado copta de Alexandria até 1959, quando foi reconhecida como Igreja autocéfala pelo patriarca copta Cirilo VI. Apenas em abril passado Abuna Mathias fez uma visita histórica ao Egito que marcou um passo importante na superação de divergências do passado entre as duas Igrejas. O patriarca etíope foi recebido com todas as honras também pelo presidente egípcio, Abdel Fattah al Sisi.
“Impressiona”, observa Anba Antonios, “que a Igreja etíope seja definida como ‘Igreja hostil’... obviamente estes jihadistas estranhos também acompanham as implicações políticas dos encontros entre as Igrejas. Mas na grande dor”, acrescenta o bispo copta católico, “nós continuamos a olhar para estes acontecimentos com os olhos da fé. A fileira dos mártires não acabou e vai acompanhar toda a história até o fim. Os cristãos não buscam o martírio, querem viver em paz e alegria. Mas se o martírio vem, é um conforto ver que pode ser aceito com a mesma paz que aceitaram os coptas que pronunciaram o nome de Cristo e a Ele se confiaram quando foram mortos. A Igreja nunca se queixou do martírio, mas sempre celebrou os mártires como aqueles que, no momento em que são mortos, brilha a grande e consoladora vitória de Cristo”. (GV) (Agência Fides 20/4/2015).


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