ÁFRICA/EGITO - Cristãos nas listas eleitorais islâmicas. Porta voz dos salafitas afirma: somos obrigados por lei

Sábado, 31 Janeiro 2015

Cairo (Agência Fides) – A presença de cristãos coptas nas listas do Partido salafita al-Nour é uma “obrigação” que os líderes da formação de matriz islâmica são forçados pela lei eleitoral, e se inclui nos requisitos constitucionais que as formações políticas devem cumprir para serem admitidas nas próximas eleições parlamentares. Assim, o xeque Adel Nasr, porta-voz oficial do grupo al-Dawa al-Salafiyya, legitimou, com uma declaração pública concedida quarta-feira passada, a intenção dos líderes de al-Nour de inserir ativistas pertencentes à comunidade cristã nas listas do Partido conservador salafita, para poder participar das eleições programadas para março e abril próximos. Nos últimos dias, anunciou a intenção de se candidatar nas listas do Partido conservador salafita também o ativista copta Nader El-Serafy, expoente da formação política Ghad el-Thawra e co-fundador de "Copts 38". Este movimento de leigos foi fundado em 2011 para pedir o retorno das disposições canônicas estabelecidas pela Igreja copta-ortodoxa em 1938 – e sucessivamente ab-rogadas – que admitiam 9 condições para a concessão aos coptas do divórcio. El- Sarafy defendeu a sua decisão – criticada também por muitos expoentes de “Copts 38” - recordando que a Igreja copta nunca condenou a decisão dos cristãos de militar em partidos de inspiração islâmica. A lei eleitoral vigente estabelece que os cristãos coptas devem ser representados por pelo menos 24 candidatos nas listas de partidos que concorrem em nível nacional. Os líderes salafitas egípcios muitas vezes instruíram seus seguidores a não endereçarem mensagens de felicitações aos cristãos em ocasiões de festas de Natal e Páscoa, marcando tais comportamentos de cortesia como uma glorificação da “religião dos infiéis”. Ao mesmo tempo, os principais expoentes do Partido salafita al-Nour como Ashraf Tabet e Salah Abdul Maaboud há muito tempo confirmaram a sua disponibilidade de inserir candidatos coptas em suas listas eleitorais, em conformidade com os regulamentos vigentes. Segundo fontes locais consultadas pela Agência Fides, a busca de batizados para se candidatarem nas listas islâmicas parecem mover-se em direção a ambientes e grupos como “Copts 38”, que no passado assumiram posições de dissenso em relação as hierarquias
 episcopais. (GV) (Agência Fides 31/1/2015).


Compartilhar: