ÁSIA/MALÁSIA - Veredicto sobre o termo "Alá": o Arcebispo de Kuala Lumpur “espera num bem maior”

Quinta, 22 Janeiro 2015

Kuala Lumpur – “Estamos desiludidos com esta sentença que, de qualquer maneira, era previsível. Esperamos, porém, que desta medida possa nascer um bem maior para o nosso futuro: confiamos na Providência e naquilo que o Senhor quiser nos reservar para a vida da nossa comunidade”: com este olhar de fé, mesmo num caso negativo como o que acaba de se encerrar com o veredicto da Corte Suprema, se expressa à Agência Fides Dom Julian Leow, Arcebispo nomeado de Kuala Lumpur, que em julho receberá em Roma o pálio.
Ontem, a Corte Suprema da Federação da Malásia rejeitou o recurso apresentado pela Igreja Católica sobre o uso da palavra “Alá” como termo para indicar “Deus” nos artigos do semanário católico "Herald". A Corte Suprema, terceiro grau de juízo, não examinou no mérito a questão, mas se limitou a estabelecer se, nos processos precedentes, verificaram-se vícios de forma. Os cinco juízes do júri votaram unânimes, negando a possibilidade de mais uma ação legal, porque “não houve erros procedurais” nos precedentes julgamentos. A sentença em primeiro grau foi a favor da Igreja, mas, em segundo grau, a Alta Corte emitiu uma sentença a favor do governo malaio, proibindo o uso da palavra Alá no Herald, na sua edição em língua "bahasha malaysia" - idioma no qual os fiéis cristãos, para definir ou invocar Deus, utilizam o termo "Alá".
Contatado pela Agência Fides, Dom Julian Leow afirma: “Como cristãos na Malásia, tentaremos permanecer unidos em atuar sempre pelo diálogo e a pela harmonia entre as etnias e as religiões. Este processo acabou, depois de sete anos de batalha legal. Queremos deixar para trás este caso e prosseguir com fé. A esperança que nutrimos é que a compreensão e o respeito recíproco sejam sempre um ponto fundamental na convivência social e religiosa na Malásia”.
“É verdade que a questão do termo Alá – destaca Dom Leow - é um ponto importante para os 2/3 da população católica malaia que fala e celebra o culto em língua local, o bahasha. O que esperamos e pedimos é que o veredicto fique confinado somente às páginas do Herald”.
A Igreja no país recorda hoje o que reiterou no passado, inclusive por expoentes do governo malaio (veja Fides 18/10/2013), que no julgamento constitui “parte civil”. Em 2007, de fato, foi o Ministério do Interior que proibiu ao Herald o uso da palavra “Alá”. “A interpretação da sentença – destaca o Arcebispo – não deve ser estendida também às liturgias, ao culto e à Bíblia. Esperamos que isso seja definitivamente esclarecido, mesmo que alguns queiram interpretá-la de maneira diferente”. (PA) (Agência Fides 22/1/2013)


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