ÁSIA/ÍNDIA - Cinco cristãos mortos e 300 sacerdotes agredidos: relatório sobre a perseguição em 2014

Quarta, 21 Janeiro 2015

Nova Délhi (Agência Fides) – Cinco cristãos, inclusive um menino de 11 anos, foram mortos pelo ódio religioso na Índia em 2014. Com eles, mais de 300 sacerdotes, pastores e líderes de comunidades cristãs foram agredidos e feridos. Dentre as vítimas da violência registram-se também mais de 2 mil mulheres indianas cristãs. Os autores são grupos extremistas hindus. Estas cifras indicam a violência contra os cristãos indianos no ano passado, e constam no “2014 Persecution Report”, divulgado pela organização católica “Catholic Secular Forum”, graças a fontes, documentos e testemunhos obtidos pela rede das organizações cristãs indianas. “Esta lista é apenas indicativa e não definitiva”, explica à Fides Joseph Dias, leigo católico, responsável pelo CSF. No Relatório, apresentado ontem em Bombaim e enviado à Agência Fides, observa-se que atualmente Chhattisgarh é o estado indiano em que ser cristão “é mais perigoso”, pois é o território em que se registra o ápice da violência. O juiz Michael Saldanha, católico, ex-magistrado da Alta Corte de Karnataka, disse que o relatório foi enviado ao Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim, Presidente da Conferência Episcopal indiana dos Bispos de rito latino e atual responsável da Federação das Conferências Episcopais da Ásia. O Relatório nota que em 2014, registrou-se na Índia “pelo menos um incidente por dia” em que pessoas, lugares ou líderes cristãos sofreram violência. Os estados em que houve mais abusos foram Chhattisgarh, Maharashtra, Madhya Pradesh, Uttar Paradeshm, Karnataka, Kerala e Orissa mas de modo menor, estão envolvidos também outros estados da União. Os episódios registrados foram no total mais de 7.000, dos mais graves (os 5 homicídios) aos que ficaram envolvidas mais de 1.600 mulheres abusadas e violentadas, e 500 crianças. Dentre as causas e os autores da violência, o Relatório cita grupos extremistas hindus como o “Rashtriya Swayamsevak Sangh” (RSS, “Corpo nacional dos voluntários”) que se confirma como a maior ONG existente na Índia, promotora de uma ideologia nacionalista hindu que quer eliminar do país as minorias religiosas. Segundo o texto enviado à Fides, o RSS registra um constante aumento graças também à nova era política, com no poder o partido “Baratiya Janata Party” no poder da União, com o premiê Narendra Modi: em 2013 surgiram 2000 novas seções e células locais do RSS, em 2014 outras 5.000, num total de mais de 5 milhões de membros ativos. O RSS se apropriou de 60 igrejas, desconsagrando-as e transformando-a em bases. O documento ressalta ainda o problema da cumplicidade das instituições: “Muitas vezes a polícia se recusa em registrar atos de violência anticristã e também a mídia ignorando os abusos, não publicando as notícias”. Em outros casos, a perseguição não vem à tona porque as vítimas têm medo de ser mortas e não denunciam as violências. Em poucos casos, os abusos são justificados por causas diferentes do ódio religioso, como doença mental, embriaguez, furto. Dentre os cinco mortos, está um menino de 11 anos, Govind Kuram Korram, sequestrado e deixado morrer de fome e necessidades em Chhattisgarh por seu tio, que se opunha ao fato que a família do menino tivesse se tornado cristã. O Pastor protestante Sanjeevulu foi esfaqueado em Andhra Pradesh. Um leigo cristão foi morto em Orissa depois de se recusar a se converter ao hinduísmo enquanto os cônjuges Dominic (45 anos) e Christina (35 anos) Bhutia, convertidos do budismo ao cristianismo em Bengala Ocidental, foram assassinados sob os olhos da filha, uma menina de doze anos. (PA) (Agência Fides 21/1/2015)


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