ÁFRICA/EGITO - Conferência sobre Islã e terrorismo em Al Azhar. Imame al-Tayyeb: o extremismo “takfirista” perverte a religião islâmica

Quarta, 3 Dezembro 2014

Cairo (Agência Fides) - O extremismo 'takfirista' que justifica práticas violentas e terroristas com versos do Alcorão, representa uma “perversão do Islã”, e as facções jihadistas cometeram “crimes bárbaros, cobrindo-os com as vestes desta religião sagrada, tendo nomes como o do 'Estado islâmico' na tentativa de exportar seu falso Islã”. É radical e sem apelo a condenação e repúdio do fanatismo islâmico expresso por Ahmed al-Tayyeb, grande imame de Al-Azhar, no discurso de abertura da Conferência Internacional organizada na Universidade do Cairo – considerada o mais importante centro teológico do Islã sunita - para refletir sobre a questão controversa da relação entre mundo islâmico e extremismo em matizes islamitas. Participaram da conferência 700 estudiosos e representantes de instituições políticas, sociais e religiosas - incluindo alguns líderes das comunidades cristãs do Oriente – provenientes de 120 países. Em seu discurso - como relatado por fontes locais consultadas pela Agência Fides - o Grande Imame al Tayyeb ressaltou que toda ideologia terrorista justificada com referências ao Islã se baseia na compreensão distorcida e manipulada dos escritos do Alcorão. Ele anunciou que Al-Azhar tem planos para enfrentar este fenômeno, devastador para o próprio Islã, sob diferentes pontos de vista, promovendo estudos voltados para refutar e coibir a manipulação dos escritos do Alcorão e inaugurando cursos de formação que fornecem aos imames temas claros e convincentes para rejeitar as teorias aberrantes dos jihadistas e suas tentativas de se infiltrar nas mesquitas. Após o discurso inaugural de al Tayyeb, o segundo a tomar a palavra na conferência foi o Patriarca copta-ortodoxo, Tawadros II, Primaz da Igreja numericamente mais consistente entre aquelas arraigadas nos países árabes. Em seu discurso, o Papa Tawadros também reiterou que a violência e o terrorismo praticado por facções islamistas são incompatíveis com os ensinamentos do Alcorão. O patriarca copta definiu a questão islâmica como uma religião de tolerância, que, como tal, não tem responsabilidade nas atrocidades cometidas por jihadistas em nome do Islã. Durante sua recente viagem à Turquia, em seu discurso em Ancara, no Departamento de Assuntos Religiosos (Diyanet), o Papa Francisco lembrou que todos os líderes religiosos têm “a obrigação de denunciar todas as violações da dignidade e dos direitos humanos” e, especialmente, “a violência que busca uma justificativa religiosa merece a condenação mais forte, porque o Onipotente é o Deus da vida e da paz”. O takfirismo é um movimento sectário fundado em 1971 por Moustafa Choukri, que considera como prejudicada pela descrença toda sociedade islâmica, e define como heréticos todos os muçulmanos que não partilham seu ponto de vista. O assassinato destes últimos, por esta razão, é considerada lícito. (GV) (Agência Fides 3/12/2014).


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