ÁFRICA/CONGO RD - Tentativa de descreditar os Bispos por causa de sua posição contra a revisão constitucional

Sábado, 4 Outubro 2014

Kinshasa (Agência Fides) - “Todo jovem católico que tem um pedido a fazer para a hierarquia, pode fazê-lo usando as estruturas existentes”, afirma numa nota a Conferência Episcopal da República Democrática do Congo (CENCO), enviada à Agência Fides, em resposta contra a tentativa de centenas de jovens, que se definem “católicos”, de entregar à nunciatura uma petição dirigida ao Papa Francisco na qual criticam a posição dos bispos congoleses em relação à proposta de revisão da Constituição. A alteração em causa permitiria ao Chefe de Estado atual, Joseph Kabila, de se apresentar nas eleições para obter o terceiro mandado presidencial (veja Fides 17/9/2014).
Segundo o jornal local “Le Phare”, entre os jovens “católicos” do partido do Presidente e que tentaram depositar a petição junto à Nunciatura de Kinshasa, havia vários membros pertencentes a outras denominações religiosas, inclusive “bruxos profissionais”. “Enfim – afirma Le Phare –, um conjunto de aventureiros de todas as partes para tentar desacreditar a Igreja Católica, tentando criar uma fratura entre os Bispos congoleses e o Papa Francisco”.
Em sua nota, a CENCO recorda que “a Igreja Católica é bem organizada em suas estruturas, e os seus jovens integram movimentos da Ação Católica reconhecidos”. Os Bispos destacam ainda que “a fidelidade ao Evangelho segundo o Papa Francisco significa também que a Igreja participa da construção da cidade (cfr. Do discurso do Papa Francisco aos bispos da RDC)”.
“A participação dos Bispos à vida da nação é um direito inalienável que deve ser reconhecido a todos os cidadãos. Os Bispos, como todos os cidadãos deste país, têm o direito de expressar seu parecer sobre a situação do país. Isso não significa fazer política”, conclui a nota.
A eventual modificação constitucional que abriria as portas a um terceiro mandato para o atual Presidente foi criticada por vários países, como a Alemanha, cujo embaixador em Kinshasa em 2 de outubro pediu às autoridades locais que respeitem a atual Constituição, que prevê somente dois mandatos presidenciais consecutivos. (L.M.) (Agência Fides 4/10/2014)


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