ÁSIA/IRAQUE – Eleições entre violência e atentados. O Patriarca Sako: As políticas do Ocidente são causa da diáspora dos cristãos do Oriente Médio

Quarta, 30 Abril 2014

Bagdá (Agência Fides) – Os episódios de terrorismo que ensanguentaram as semanas que precederam as eleições políticas iraquianas, em andamento no dia de hoje, quarta-feira, 30 de abril, não pararam nem mesmo diante das seções abertas, não obstante as rígidas medidas de segurança implementadas pela polícia. Em Bagdá, é proibido circular em todos os meios. Em várias áreas do país, segundo fontes da polícia citadas pelas agências locais, violências e atentados contra as seções aberas provocaram nas primeiras horas de votação 10 mortos e mais de 20 feridos.
22 milhões de eleitores são chamados às urnas. O atual premiê iraquiano, o xiita Nuri al-Maliki, se disse “certo” da afirmação eleitoral da coalizão “Estado de Direito” que o apóia. Nove listas, com l 85 candidatos, concorrem a 5 cadeiras (de 328 no total) que o sistema eleitoral em vigor reserva a candidatos cristãos. As cinco cadeiras são distribuídas nas cidades de Bagdá, Kirkuk, Ninive, Arbil e Dahuk.
A poucos dias das eleições, o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Louis Raphael I Sako, lançou um novo premente alarme sobre o risco do desaparecimento das comunidades cristãs autóctones do Iraque. “Alguns dias atrás” informa o Patriarca em nota enviada à Agência Fides “visitei a cidade de Hilla, onde na década de 90 viviam 287 famílias cristãs. Hoje há somente 21. Em Bagdá existem 21 paróquias caldeias, muitas foram fechadas ou englobadas. Na paróquia da Ascensão, em al- Mashtal, antes da queda do regime havia 5 mil famílias e a cada ano, mais de 240 jovens recebiam a primeira comunhão. Em 25 de abril, eu celebrei a comunhão para apenas 13 moças e rapazes”.
Dentre as causas da emigração forçada dos cristãos do Iraque, o Patriarca cita as guerras, a deterioração das condições de segurança, a explosão das violências sectárias, o confisco de propriedades, o desemprego e a sensação comum dos cristãos que sua função social está em declínio em toda a região. A raiz da fuga de massa que está esvaziando o Iraque de cristãos é ultimamente identificada nas políticas médio-orientais das potências ocidentais: “A democracia e a transformação”, sublinha o Patriarca Sako “se afirmam através da educação e não por meio do conflito”. A intervenção ocidental na região não resolveu os problemas, mas ao contrário, produziu mais conflito e caos. “Francamente, 1400 anos de Islã não nos erradicaram de nossas terras e de nossas igrejas, enquanto as políticas do Ocidente nos dispersaram e espalharam por todo o mundo”. (GV) (Agência Fides 30/4/2014).


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