ÁFRICA/EGITO - Patriarca Tawadros: a chamada “primavera árabe” foi na realidade um inverno

Segunda, 24 Março 2014

Cairo (Agência Fides) – A chamada primavera árabe, na realidade, “não foi uma primavera e nem um outono. Foi um inverno”. Com esta interpretação, inapelável, o Patriarca copta-ortodoxo Tawadros II rejeita qualquer leitura globalmente positiva dos resultados obtidos pelas rebeliões e conflitos que desde 2010 abalam boa parte dos países médio-orientais e norte-africanos, inclusive o Egito. Em entrevista transmitida na noite de sábado, 22 de março pelo canal via satélite kuaitiano al-Watan, o líder da comunidade cristã mais numerosa presente em um país árabe acrescentou que a onda de insurreições foi encorajada por poderes ocidentais com a intenção de fracionar o mundo árabe em “países menores”.
Tawadros também reconheceu que o general Abdel Fatah al-Sisi é considerado popularmente como “herói da Revolução de junho que salvou o Egito”, depondo o presidente islâmico Mohamed Morsi, e acrescentou que a candidatura de al-Sisi nas próximas eleições presidenciais deve ser vista como uma “assunção de responsabilidade patriótica de primeira ordem”. Na entrevista, o Patriarca copta expressou opiniões negativas sobre o Presidente deposto Morsi, que a seu ver, depois de eleito democraticamente, pretendeu governar “em nome da religião”, distorcendo a verdadeira imagem do Islã. Papa Tawadros também rechaçou a ideia segundo a qual a Igreja copta deve nomear representantes cristãos no governo, reiterando que a escolha dos ministros deve ocorrer com critérios baseados na competência e não levando em conta as diversas pertenças confessionais e religiosas.
Na entrevista, o Patriarca Tawadros também estigmatizou a tendência de algumas mídias ocidentais a dramatizar, em alguns casos, as notícias sobre episódios secundários de ataques a propriedades eclesiásticas, com o efeito de difundir uma “imagem distorcida” do Egito.
(GV) (Agência Fides 24/3/20214).


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