ÁFRICA/REPÚBLICA CENTRO AFRICANA - “A República Centro-africana corre o risco de um novo banho de sangue”, diz um missionário

Segunda, 18 Novembro 2013

Bangui (Agência Fides) - “A situação na República Centro-africana está tensa em todo lugar”, escreve à Agência Fides Pe. Aurelio Gazzera, missionário carmelita que acaba de voltar de Bangui para Bozoum, onde mora e trabalha. Na capital, Pe. Aurelio participou de uma sessão da Caritas que teve a presença de responsáveis de todas as 9 dioceses do país.
O missionário pôde assim recolher informações de primeira mão sobre diversas áreas da República.
“Em Bossangoa (onde em fins de setembro os atritos entre membros da Seleka e grupos armados ligados ao ex-Presidente Bozizé obrigaram a população a fugir (veja Fides 21/9/2013) existem ainda 41 mil refugiados. Em Bangui, a capital, há uma semana há atritos todos os dias, sempre em bairros diferentes, com mortos (assassinados por rebeldes da Seleka) e reações por parte do povo”, informa pe. Aurelio.
“Em Bangui pude encontrar autoridades importantes de algumas instituições e todos estão muito preocupados porque temem que ocorra algo de um dia para o outro. Alguns assinalam sinais claros de que os ministros do governo estão se preparando para partir”, continua pe. Aurelio.
O missionário faz algumas hipóteses para explicar o aumento da tensão. “Em primeiro lugar – observa – no dia 27 de novembro o Conselho de Segurança da ONU deve se pronunciar sobre a oportunidade de uma ação na República Centro-africana. Esta intervenção pode ser mais do que uma simples força de interposição, porque todos apelam ao capítulo 7 da Carta da ONU que abre caminho a uma ação armada com a possibilidade de usar a força (como na RDC)”. Serão chamados os 3600 militares dos países da África Central que em dezembro devem iniciar a agir no âmbito da MISCA.
A isto se somam “as reações sempre mais numerosas aos crimes dos rebeldes da Seleka: a constituição de formações (chamadas “anti balaka”) constituídas por civis exasperados pelo comportamento dos rebeldes. Os anti balaka já atuaram em Bossangoa, a Bouar e em outros lugares”.
“Enfim – diz pe. Aurelio - a dissolução da Seleka, anunciada pelo Presidente Djotodjia, não teve alguma repercussão, mas acentuou o nervosismo em meio aos rebeldes”.
“A consequência destes fatores é o fato que muitos rebeldes parecem se esforçar em roubar o máximo e fugir no momento certo. Teme-se também (e é bastante possível) um banho de sangue, com a eliminação de eventuais testemunhas, e de personalidades que de uma forma ou outra reagiram ou denunciaram os crises destes últimos 8 meses”, conclui o missionário. (L.M.) (Agência Fides 18/11/2013)


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