ÁFRICA/MOÇAMBIQUE - Depois de uma longa apuração, o FRELIMO é declarado vencedor. Jimmy Carter e outros observadores internacionais denunciam algumas irregularidades. O recém-Presidente confirma a linha política para a pacificação do país

Quarta, 22 Dezembro 2004

Maputo (Agência Fides )- É oficial: Armando Guebuza, da Frente para a Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder há mais de 20 anos, venceu as eleições presidenciais no país africano com quase 64% dos votos. O resultado foi anunciado ontem, 21 de dezembro, pela Comissão Eleitoral Nacional.
O novo presidente, sucessor designado pelo atual Presidente, Joaquim Chissano, derrotou o principal adversário, Afonso Dhlakama, do ex-grupo rebelde da Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), que conquistou quase 32% dos votos nas eleições realizadas nos primeiros dois dias de dezembro.
O presidente Chissano está no poder desde 1986 e decidiu não se candidatar. O partido de Dhlakama e outros vinte partidos da oposição denunciaram fraudes cometidas pelo partido no poder, e pediu novas eleições. Irregularidades no voto também foram notadas por equipes de observadores estrangeiros, provenientes dos Estados Unidos e da União Européia, segundo os quais, porém, tais irregularidades provavelmente não alteraram o resultado final de maneira significativa. Em comunicado, o ex-Presidente dos EUA, Jimmy Carter, que guiou uma das equipes de observadores, afirmou que, mesmo que o resultado não tenha sido influenciado de maneira determinante pelas irregularidades cometidas, “estas podem ameaçar a credibilidade das autoridades eleitorais”. Carter cita também isolados episódios de intimidação. O Centro Carter concorda com as dúvidas expressas ontem pela equipe de observadores da União Européia, segundo a qual um certo número de cadeiras no Parlamento seriam entregues diversamente se os votos tivessem sido contados corretamente.
Os resultados eleitorais eram aguardados inicialmente para o dia 17 de dezembro, e o atraso no anúncio deve-se a problemas logísticos e às ameaças por parte da RENAMO de boicotar o processo eleitoral. O presidente da comissão eleitoral, Arao Litsure, comunicou que o partido vencedor ocupará 160 das 250 cadeiras do Parlamento, os outros 90 irão para o principal partido de oposição. Litsure disse ainda que a afluência às urnas foi baixa: somente 36% dos eleitores expressaram suas preferências.
O novo Presidente Guebuza, um homem de negócios de 60 anos, tomará posse em janeiro. Ele disse que pretende levar adiante as reformas econômicas iniciadas pelo predecessor Chissano, apreciadas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional. Também prometeu a consolidação da paz, e de instituições que possam ser consideradas como modelos de reforma democrática na região. (L.M.) (Agência Fides 22/12/2004)


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